domingo, 31 de maio de 2009

Pra você, Parabéns!

Coisa engraçada essa de crescer uns centímetros
Começamos feito semente, que nem sequer tem fruto
Quando nos damos conta estamos por ai poetizando
E fazendo da vida um filme.
Um ritual sempre marca este acréscimo
Nesta cerimônia onde o açúcar escorre pelos calos ganhados
E a glicose invade a corrente sanguínea nos deixando eufóricos
Somos feitos ali, prontos para se transpor
Do universo que nos abandona para outro que nos recebe
Nem sempre é de bom grado, mas sempre é anual
Convidados sãos os olhos que nos assistem
Mas os ouvidos que nos escutam
Nem sempre ouvem a hora em que nos tornamos grandes demais
Para festinhas com bexigas vermelhas
E bolos coloridos,
È chegada então o momento da cantoria de transição
Nos deparamos, com aquelas palmas atordoantes
E encorajadoras, que aplaudem a nossa glória
De permanecer lúcidos por mais 365 dias
È pique, é pique
Mas nunca é hora
O relógio se dilata junto ao som das palmas
Que faz eterno o fôlego que sabotamos
Na intenção de sucumbir
Aquela chama, luz incandescente
Que se mantém acesa e intacta
Bem ali na ponta da nossa juventude
Em cima de um pouco de cobertura e soterrada sobre algum recheio
Fazemos força para apagá-la
Mas as velas, nunca se rendem facilmente
Persistem em retardar os parabéns
Mas não são tão eficientes nessa tarefa
Afinal nosso desejo de ser um ano mais velho é mais forte
Pelo menos em quanto se a vida para explorar
Enterramos as velas, cortamos o bolo
E negamos o primeiro pedaço
Este cujo, eu sempre achei desnecessário
Pois sempre o dei a mim mesmo
Talvez seja culpa do egocentrismo que me pesa os ombros
Ou talvez seja culpa dos olhos alheios
Que nunca me convenceram serem dignos
Do primeiro pedaço
Seja qual for a razão, acabava sempre me entupindo de glacê
A cereja, deixava pra mais tarde, só pra trazer no vermelho da casca
A nostalgia, da infância envelhecida
Por final os convidados me abandonavam
E eu ficava só com as balas, que imitavam algo tão doce
Digno de um gemido, mas eu,
Já estava velho de mais para tal.

Guilherme Radonni

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