quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O fim das coisas, o fim do tempo.

Como se sabe quando está chegando ao fim?
Não se sabe.
A gente só percebe
Quando vê o ponto final
Quando ouve a última tecla do piano
Gritar a última melodia do concerto.
E ai só nos resta os aplausos
Ou as lágrimas
E se tratando de final, as lágrimas cabem melhor
Ao que tento dizer
Falo do término das coisas inacabáveis
Ou que achamos ser inacabáveis
Aquela eternidade temporária
Que dilata o tempo
E comprime os ponteiros do relógio
À miseros marcadores cronológicos
Criados pelo homem, ou pela necessidade do homem
De ter de medir o quanto dura as coisas
Porque de fato, só para isso serve o tempo
Para sabermos da durabilidade das coisas
Ou ainda, o quanto se passou e o quanto se passará.
Mas renego a ti tempo
Renego aos pontos finais e as últimas melodias .
Não é cabível, não é humano
Na verdade é, mas prefiria que não fosse
Pois o fim das coisas não cabe em mim
Digo o fim das coisas, para não dizer
O fim dos amores, o fim das sensaçoes
O fim dos aplausos e até o fim da fuga.
Sim até nossa fuga tem fim
Afinal não se pode fugir de si mesmo
E é em sim mesmo, que se acaba as coisas
Dentro de algum lugar no peito, ou nos olhos
Ou ainda nos ouvidos
É que esgotamos a capacidade de continuar sentindo
O que se sentia, o que é isso?
Insatisfação, mesmo quando se está satisfeito
E quando não é dentro da gente, é dentro do outro
E sobre esse outro, não posso escrever
Pois o tempo dele, não é o mesmo tempo que o meu.
E por fim,
O fim.

Guilherme Radonni

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Luminárias apagadas...

Se estivesse tudo claro
Talvez eu não estivesse assim
Cego, no entanto enxergo
O padecer do meu próprio ser
Que derrama angústia sobre o claro
Escurecendo, ofuscando, apagando
Tudo que fosse vida
Ao menos se tivesse a velha euforia
Batendo no peito
Mas nem isso me resta
Resta-me o resto de luz
De uma luminária velha
Posta sobre o criado mudo
Que já é menos mudo que o meu grito
Já sou pedaços, de lembranças desbotadas
E estas, me fazem menos do que eu sou
Pois são memorias desconfiguradas
Forjadas por mim mesmo
Afim de preencher minhas próprias lacunas
Não deposito a culpa sobre ti
Pois você foi só aquele
Que me clareou o vazio
Iluminou o vácuo, e ainda sim não fez nada mais
Que me mostrar o meu escuro
O meu particular fosco, opaco e sem nada que não
Os vestígios de ti.

Guilherme Radonni.