segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Reencontro


Hoje sinto um amor tão forte por estar vivo
Que tranborda pelos meus olhos
O que já não cabe mais dentro do peito
Pois sou tão pequeno
Diante de tanta grandeza
E ainda sim uma parte única
Dentro desse infinito mistério
Por que perdemos tanto tempo?
Buscando aquilo
Que sempre esteve dentro de nós
Me perdoa vida
Por esquecer de amar
E ainda sim sempre me relembrar
Da beleza que desabrocha em todos os cantos
Nas flores que se espalham pelo caminho
E exala o perfume do próprio destino
Que é sempre continuar
E não desistir de contemplar
As cores que em tudo reluz
E mesmo na sombra reencontrar a luz
E assim renascer
Como o sol que retorna todos os dias
Após a escuridão da noite
Onde o silêncio da madrugada
Revela sonhos adormecidos
Só para despertarmos num novo dia
E darmos sentido ao que estava perdido.
Gratidão ao caminho que nos faz recordar
Da trilha que esquecemos, mas voltamos a trilhar.
Guiel

sábado, 10 de dezembro de 2016

Corpo em Movimento


Olhos d´agua

Ora ie ie o

A ti mãe sagrada
Que flui pelos rios
Cascatas e cachoeiras
Espelho d´agua que me clareia
E me revela a beleza da essência
Que faz o amor fluir
E cuidadosamente
Rega o mistério da vida
Com o mel do puro amor
E faz nascer até no meio das pedras
O perfume de uma flor
Me ensina doce mãe
A me entregar na correnteza
A dançar com delicadeza
Mesmo quando os meus olhos chorar
Me desagua no berço das águas
E me leva, no teu colo pro mar
Só para eu cantar de alegria
Pela beleza que em tudo esta
E reconhecer o tesouro do coração
O ouro que reluz a vida
E brilha por onde tua dança encantar.

Salve Oxum!

Guiel

Foto: Mel Melissa Maurer - Instantes

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Pássaros



Como asas que procuram
Um ninho para pousar
O amor voa livre,
Buscando no peito um lar
E se for entre árvores
Ou na beira de um rio
Cantara sua canção
Para relembrar do assobio
Que um dia encantou
O canto do sábia
Mas por ser pássaro cantador
Um dia, voltou a voar.


Guiel

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Eu moro no alto,
onde escuto Deus sussurrar.
Em dias de angustias,
o céu chora primeiro aqui.
Aprendo com as pedras
o deslizar seguro com as peles dos pés.
Tenho o silêncio como guardiã. Cheia de cor, que cura, desembrulha, escancara e aceita.
As horas quem ditam são as nuvens, cada dia de um ponteiro, da forma do fluxo da vida.
A mata ao pé daqui, dali, que desenham o que preciso enxergar.
Pelas noites, a neblina vem visitar, chega mansa e tem um canto baixo, mas dominador.
De madrugada, as folhas das bananeiras dançam detrás das janelas sem grades.
Olho pro horizonte da cidade, imagino o cotidiano de mais um ano na luta de cada um. As luzes confessam. Parece que estou distante de tudo.
Eu moro na pedra.
Estou aprendendo a voar.
(Para o Morro São Sebastião, tão só mas tão cheio. Da aprendiz Tábatta Iori)


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Só tinha
moldura
e ainda por pouco
rasgada.
Era preenchida de
vazio.
Um vago vento parado
de lamento.
Que não desenhava nem sequer
um único querer.
E nem por se pendurar
se dava
pois ninguém
a tinha,
era só,
de chão,
apenas lineava uma margem.
Um dia,
a tropecei.
Escorreguei,
virei
de vez
o que a preenchia:
ar.
Assim, fui, um dia
o que cada um tinha pra
imagin(ar).
Pint(ar)...

Tábatta Iori
De asas longínquas
cores de maçã.
Pousou por instante, pequenos,
equilibrou-se.
Equilibrou, se...
E
que
inebriou-se
E partiu. Já não estava mais, lá
Mas seu movimento ficou. No silêncio, suas asas moveram o tempo.

E ficou.

Tábatta Iori

sábado, 12 de novembro de 2016

De uma grande irmã

Quem dera poder te abraçar pássaro de luz menino de rio e de mar
Quem dera poder contigo agora brincar , nos teus coloridos olhos de Oxum Maré...
Andar pelas ruas sorrindo a cantar sempre um novo caminho cedinho seguindo pra além do luar
Queria eu agora saber que la fora tem uma casa encantada de um irmão que me baila só de lembrar
Que céu é chão que se pisa quando asa ferida não pode voar...
Ainda me brilha tua voz amiga acalmando meu desequilibrado som
Antes, quando somente um tempo em qualquer evento ao seu lado era bom
Música ao meio dia e tua melodia...
Areia, chamando a sereia pra nos reinventar
Era três, era dois, era um e nenhum que ficou pra contar
Mas dentro do coração ...
Meu amor cheio das suas pérolas é ainda força a navegar...
No vento no tempo no alento do amanhã que é sempre dança criança ciranda a nos reencontrar.
Grata por tudo menino matuto
Do fogo da água e do ar
Terra lama de escorpião transmutando com fé tudo que é medo e escuridão.
Chuva que molha e amolece pedra
Atrás do arco-íris de novo a brotar..

Jully Luz

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Para aqueles que não tem palavra


Tem gente que o que fala
Não se escreve
E tem outros, 
Que honram a própria palavra
Tem alguns... que só falam
Outros... que realmente fazem
Tem ainda aqueles
Que são os donos da verdade
Enquanto alguns
Simplesmente sabem
De um lado, os que gostam de apontar
Do outro, aqueles que gostam mesmo
É de abraçar
Tem muitos que cantam,
Só para o espelho
E tem tantos que fazem
A música sair do peito
Tem aqueles que sempre querer agradar
E outros que se esforçam para respeitar
No final cada um faz o que pode
O quer e o que sabe
E você?
Sinceridade, infelizmente não é pra todo mundo
Mas o difícil mesmo...é mentir pra si mesmo
Qual a tua verdade?

Guiel


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Florescer


Agradeço a vida
Por todos os presentes
Que tem me ofertado
E por estar a cada dia
Revelando meus caminhos,
A cor dos olhos de cada um
Que refletem por dentro e por fora
O espelho de ser... humano
De carne e osso, alma e coração
Ponte de luz, atravessando as sombras
Me ensina a seguir a voz
Que abraça o vazio da escuridão
Silencia meu pranto
Enquanto aprendo abrir meus olhos
Para ver com clareza
Muito além da ilusão
Vejo cores, pintando memórias
Mas Quem sou eu?
Por debaixo das mascará
Que dão forma a criação
Sou o mistério que vive
Na força do trigo, da mão e do pão
Sou semente, que desperta e germina
E com fé, cresce e brota
Da flor, fruto e grão
Só para alimentar a fome
De se reencontrar com a essência
E se desfazer na grandeza
De agradecer e colher
Pro amor florescer
É preciso plantar.
Guiel.

Escorpião


Mergulho nas fundas águas
Que regem meu ser
Assim como flutuo na constelação de escorpião
E neste espelho a refletir o céu e o mar
Vejo a força da transmutação
Que renova a dança de minhas profundezas
E do veneno que me fere
Brota o soro de minha cura
E do silêncio de minha morte,
Renasço no canto da vida eterna.
Do peito que pulsa junto ao próprio ferrão
Plutão é quem guia
O mistério de escorpião.

Ao Tempo


Mesmo depois do fim
Seremos sempre
Peregrinos do tempo
Girando desde do inicio
Em torno da roda da vida
Em busca de infinitas respostas
Para perguntas eternas
E de tão frágeis, seremos fortes
Na grandeza que abraça
O pequenino grão que em tudo em germina
E sempre torna a florescer
Onde se esconde o silêncio de tua voz?
Se ouço tua música em tudo que existe
E danço todos os dias
Na esperança de reencontra-lo
Dentro de mim e em todo lugar.

Guiel

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Para a parte de mim esquecida no tempo.



Vontade de romper com tudo aquilo
Que convém aos olhos da normalidade
Só para ver de novo o vão que existe
Entre uma coisa e outra
E achar o que estava perdido
No meio do caos, no silêncio da sombra
E ainda sim de tão belo, me fazer rir e chorar
Quando foi que deixei de te amar?
E me esqueci que também sou feito
De carne e osso,
De sangue e lágrima
De dor e amor
Passamos tanto tempo da vida
Correndo atras de nós mesmos
Até cansarmos e percebemos
Que estávamos ali o tempo todo
Misturados com sonhos e anseios
Amores e medos
Memórias e esquecimentos
Hoje me lembro,
Daquilo que ninguém quer lembrar
E abraço minha própria sombra
Com a luz que vem do mesmo lugar
Tão fundo quanto o que bate no peito
E se cala pra me fazer escutar
Tua voz que esta em mim
E em todo lugar.
Guiel

Para os amores que ainda não amei


É tanto amor que não cabe no peito
Transborda e vaza
Em todas as direções
E ainda sim, sem destino
Pois a verdade é que o amor
Nunca sai do lugar,
Esta sempre no centro,
No meio do peito
Onde mora todos os amores
Do passado ou do futuro
Na eternidade do presente
No vazio do ausente
Na flor e na semente
Que me ensina a regar
O meu próprio jardim
Só para relembrar a beleza do mundo
E depois espalhar
Para aqueles que se esqueceram.
E ainda sim continuam amando
Pois afinal para que serve o coração?
Se não for para amar.
Guiel.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Para Onde?


Definindo caminhos
Na incerteza do destino
Abrindo as asas ao vento
Para ser levado nas mãos do acaso
Ainda sim na esperança
De encontrar o que nunca foi perdido
Todas as bússolas apontam para o norte
Enquanto os mapas me guiam para o sul
De leste a oeste
Me procuro em teu olhar
E por dentro um pássaro viajante
Que ainda esta apreendendo
A se desgarrar do próprio ninho.

Guiel. 14/09/2015





domingo, 14 de agosto de 2016

Feliz dia dos Pais


Agradeço a ti, por mesmo de longe
Sempre estar ao meu lado
Pelo apoio que tuas mãos sempre me deram
Mostrando o caminho do juízo
E a serenidade que existe no silêncio...
No olhar de uma águia
A guiar teu filhote para adiante chegar
Hoje posso voar
Graças as raízes que tu me deu
E só peço perdão
Por ter voado pra tão longe
Mas ainda sim, saiba que está
Sempre ao meu lado
Dentro do meu coração
E na voz que guia meu juízo
Ah...também peço perdão
Pelos cabelos brancos que te dei
De preocupação, de saudade e de ser tão diferente
E te agradeço ainda mais
Por me aceitar como eu sou
Por respeitar minhas escolhas
Por apoiar o meu caminho
Sem isso, eu não poderia ir a lugar algum
E hoje sinto que eu posso ir
Para todos os lugares
Pois o amor que sempre recebi
Da força as asas que tenho
Mas sempre com uma certeza
De que o vento me levará de volta
Ao ninho de onde eu vim
Só para abraçar, com um abraço bem apertado
O Pai que Deus me deu.
De um filho que voa longe
Para um grande pai que esta bem perto.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Aldeia

Sementes caídas das estrelas
que brotam da terra
E povoaram florestas
Fazendo girar a roda da vida
Em volta do fogo
Que nunca se apaga
Reunindo tribos perdidas
Desterradas, mas não esquecidas
Pois ainda dançam
Pela memória de um povo
De sangue vermelho
Que cantam por todas as cores
Guerreando e sorrindo
Por cada dia que vira noite
Toda aldeia celebra
A luz que o sol 
E a lua nos deu
Cultivando sonhos
Que ainda despertarão
Dentro da mata, na árvore mais antiga
Plantando nos pés de Nhanderu
Aonde os pássaros voam
Levando o canto de um rezo
Que pede pela casa que guarda
O coração de uma tribo inteira.

Guiel.

Ilustração: Juliana de Castro

terça-feira, 26 de julho de 2016

Mel

No meio de tantos olhos
O teu olhar acertou o meu
E feito uma flecha de fogo
Tu me incendiou por dentro
Queimando as barreiras do tempo-espaço
Como se já fossemos intímos de antes
Além do depois, na leveza do agora
Enquanto nossos pés dançavam
No mesmo ritmo do peito
Descobrindo a cada beijo
O nectar que vem de dentro
Mais doce que fruta madura
Esperando pra ser colhida
Antes do frio do inverno
Que anúncia o vento da partida
Voo...pra te sentir de novo
E pousar minhas asas no calor do teu ninho
Só para sonhar em teu braços
Com desenhos e cores que não sei o nome
E ainda sim, nos fazem sorrir
Enquanto nossos lábios...
Continuam se misturando
Meu perfume de alecrim
Entre seus cachos de querubim
Me levando pra passear,
Por ruas cheias de flores
Que vão deixar doces saudades
Tão leves quanto uma pena de beija-flor
Gratidão pelo encantado encontro
E por cada beijo com sabor de flor.



Que o amor te leve dançando
Por onde você andar
E  que os ventos da sorte,
Permitam a nós um reencontro.

( para aquele que me acertou com sua flecha de mel)

Guiel

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Peregrino


As vezes me perco, dentro ou fora de mim mesmo
E gira o tempo, e gira o mundo
Enquanto me procuro em outros olhares
No meio das flores, embaixo da escada
Em cima das árvores, na pausa das horas
E quando estou quase desistindo de procurar
Encontro meu coração,
Brincando de esconde-esconde
E cantarolando coisas que eu ainda não sei
Me ensina tempo
A respeitar cada momento
A ter a paz de uma semente
Que aguarda calmamente
A hora de brotar
Enquanto meus olhos florescem
Como o de uma criança
Que depois de perdida
Reencontrou as mãos dos próprios pais
Onde estão suas mãos agora?
Que já não sou mais uma criança...
Como faz? Para apagar os rabiscos que o medo
Manchou em meus desenhos
Sem deixar desbotar dentro de mim as cores
Que a mão da vida pintou
Me pinte mais uma vez
Só para eu não me esquecer
Das cores que tingiram o céu e a terra
E fizeram de mim, um coração peregrino
Que não se cansa
De se reencontrar.
Guiel.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Contratempo



Peço licença ao branco dos olhos de quem vê
para compartilhar cores que um dia me pintaram
Mas antes...peço perdão ao silêncio
Por acorda-lo com os ruídos que ecoam dentro da minha cabeça
E por último, peço ajuda das palavras
Para serem  mensageiras do que sinto no coração
Mesmo que seus sentidos se percam, nos labirintos dos significados
Esvaziando as confusões da mente
Num canto de desabafo
Que faz voar as asas de dentro
Para além das gaiolas de fora
Me relembrando que o infinito
É a soma de todas as coisas
E eu sou uma pequena parte
Desse grande mistério indivisível
Que de conta em conta
Multiplica a volta dos astros
Então...pra que tanta pressa
Nos ponteiros dos relógios?
Enquanto contamos as horas
Os dias. meses, anos
São os ciclos em movimento?
Ou é a mão do tempo brincando?
As vezes me canso, de correr em volta da mente
Ai me lembro de caminhar
No ritmo do coração
Mas é preciso muita presença
Para não perder o passo
Pois as vezes o coração
Também fica acelerado
Nessa hora respira fundo
Não esquece o combinado
Dance conforme a música
Pois a vida é um bailado.
Ai que alivio que já dá
Por Deus ser o maestro e o coreógrafo
Dessa louca orquestra da vida
Que move a dança de todos os passos.


Guiel.




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