quarta-feira, 24 de maio de 2017

Salve Santa Sara Kali !!!



Mãe do manto das estrelas
Que brilham na escuridão
Padroeira do Povo Cigano
Ilumina meu coração

Para nunca me perder
Nas peregrinações da vida
E mesmo quando a noite chegar
Que a luz da lua seja minha guia

Dai-me tua mão Santa Sara,
E me ensina a caminhar
Nessa longa estrada que é o destino
Para eu nunca me desviar

E mesmo quando o vento
Soprar mais forte que a minha fé
Que eu me lembre da tua força
Para manter o amor de pé

Assim como ti
Acompanhada das três Marias
Que foram lançadas as águas
E saíram do mar com vida

Hoje danço e te louvo
Te agradeço e a ti canto
Por abrir os meus caminhos
E me mostrar que sou cigano

Salve o baralho encantado
E o brilho das moedas de ouro
Teu perfume e tuas rosas
E o amor que é o maior tesouro.

Salve Santa Sara Kali e a todos os ciganos!



Guiel.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Asas



Caminho seguindo e as vezes perdido
Me encontro no vão das coisas
Naquela lacuna quase invisível,
Que separa o preto do branco
O sol da lua
A água do fogo
Agora já não posso mais me romper
Se não quebro a ponte que liga o elo
Entre esses dois mundos.
Dentro de mim
Um mar sem fim anseia encontrar
A cura do que nos separa
Mas, enquanto não acho
Tento aliviar as cicatrizes do mundo
Em troca de sanar as asas quebradas
Que um dia fizeram voar meu coração.

Guiel.



terça-feira, 16 de maio de 2017

Alguém pode me ajudar a silenciar essas interrogações?


Como faz para ser simples?
Sem ignorar o que é complexo
Como faz para não ter expectativas?
E ao mesmo tempo
Não deixar os sonhos se apagarem
Como faz pra se contentar com o mínimo?
Quando se quer o infinito
Como se mantem no presente?
Quando uma parte de você esta ausente
Como voar?
Sem perder as raízes
Como colher as rosas?
Sem se ferir em teus espinhos
Como unir o que é oposto?
E nem sempre complementar
Como responder as perguntas?
Que ainda não tem respostas

(16 de maio de 2016)

Guiel. 

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Ao Movimento































Danço...logo existo!
E abro minhas asas
Para te alcançar
Além do verde da mata
Que baila em segredo
Com a cor dos teus olhos
Girassois a rodar
Ouvindo o encanto
Do canto das águas
Que lava os meus pés
Para seguirem dançando
Por onde quer que esse rio desaguar
Faço promessa...e pago dançando
Com cada gota de suor e lágrima
Que transborda do rio,
Que brota do meu coração
Para me diluir no mar
Que eternamente se move
Balançando as ondas
Que me leva em teu barco
Para juntos sonhar
Já não sou eu, agora quem dança
Mas sim a vida
Dançando em mim.
Abrindo as asas beija-flor me ensina
O amor que dança nesse jardim.
Guiel.

Foto:Mel Melissa


sábado, 6 de maio de 2017

Prece as despedidas.

Despeço. Sem medo. Sem choro. De tudo que me amarra, enlaça, me volta pra dentro do que não me sou. Despeço! Peço que me livre de todo mal que construí e construíram em mim, peço o meu desmoronar! Quero me desfazer para assim desenhar tudo que, de fato, seja cada cor minha. Deixo ir, e olho a ida pelo horizonte dos meus traumas, das opressões vividas, dos descuidos alheios e inclusive de todos os preconceitos provindos dos meus antepassados. Deixo, com muito respeito, apenas o que for da real sabedoria da terra, da simples e grandiosa TERRA. É preciso zerar. É precioso o agora. Quero ser a liberdade. Do corpo, da alma, do amor... Descubro [me]. E é bela, a minha real(idade). 
Peço liberdade para todas as realidades! Que sejamos plenos, apenas, dos fluxos que as horas não contabilizadas pelo homem nos dão. Recebo e aceito a nudez, para, aos poucos, vestir me de mim mesma. Agradeço cada segundo vivido, mas, preciso ir. Levarei apenas o que acredito.
Que assim seja, se for de assim, o ser.

(Já não aturo, nem sequer, olhares de certezas demasiadas levantadas a partir dessa utopia externa de como se deve viver!)
Meus caminhos sempre têm algo a me dizer.


Tábatta Iori
Um inseto pousou em mim,
antes disso
ele colidiu fortemente com meus olhos.
Em pequeno sobre-salto
a vida pausou
para entender o que havia.
No instante primeiro tive receio,
ele era muito diferente
de mim,
depois...
o tentei apalpar
e dar base para seu vôo.
Sem sucesso, ele quis continuar suas horas
apoiado em mim.
Me olhava.
E
de repente
era apenas eu e ele
no mundo.
Mais nada.
Em fragmentos rápidos do viver
aquele ser
acolheu minha presença
e me fez ser companhia.
E no mesmo ligeiro e faceiro estar
ele
partiu...
Voou para outros rostos
sem me deixar despedir.
Que sonho de idas e vindas...
Que dor é o sonhar!
Em um estalo está.
Em outro...
Se vai.
Com asas de lembranças.
Em qualquer dia desses, aquele minúsculo ser atravessou meus dias. Me fez amar, me fez sofrer, me fez...
vida.

Tábatta Iori

Fotografia: Everton Lampe (Tinho)