quarta-feira, 28 de outubro de 2009

De que serviu tanta embriagues, se os aplausos foram mudos.

Não sei, realmente não sei o que houve

Era noite,

Primeiras horas fora do manicômio

Longe das paredes brancas e do aconchego do tablado

Os três loucos que fugiram juntos

E o ultrapassaram o tempo mínimo e máximo

Agora se dissiparam

Duas estão em algum quarto injetando tabaco e nostalgia

E o outro recebendo aplausos mudos

E indicações a melhor abandonado

Talvez eu esteja fazendo drama

Ou talvez esteja dando importância àquilo que me dediquei a construir

De qualquer modo carreguei o resto do palco sozinho

Sem elas, sem parte de mim, e sem minha consideração

Ainda assim, o desprezo daquela que tem a cor da noite

Não me desceu a garganta

Demagogo, egocêntrico e infantil

Posso até ser mais nunca a tratei com indiferença

Seja o quão ridículo fosse os teus assuntos de primeiro emprego ou tabaco verde e natural

Este ultimo nunca me agradou,

Nem por isso fiz pouco caso

Enquanto aquela que tem cor de papel

Ainda não declarou o que aconteceu

Peço desculpas por ter usado a voz em tom maior

Mas não me desculpo por lhes querer ao meu lado

“Não, não fiquei até o final

Não a fiz sozinho, pra ter de receber os aplausos só.”

Na verdade fiquei, mas era como se não tivesse ficado.

Anoiteceu
É hora de ir pra casa.
É hora de comentar.

Desmemorias.

Amanhece...

Guilherme Radonni

Elas ao fundo, sem mim...Eu no tablado, sem elas






segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Foi poético !

Anoiteceu
E foi preciso não ir para ver que já chega,
Já rolou o espaço que tinha que rolar.
Foi preciso duas adolescentizinhas se embriagar no quarto da saudade,
E junto com a brisa, comentar como foi o dia.
Preguiça.
Eis de novo a negra do ganho de atriz.
O grande ancião briga pela ausência,
Enquanto as ovelhas estavam acompanhadas assistindo a uma TV.

Agora já viu que aqui já deu?
Já paralisamos o anseio daquela platéia.
Agora é preciso de mais,
Muito mais.
E até onde isso vai parar?!

Matamo-nos.
Matamo-os.
E assim foi.

Anoiteceu
É hora de ir pra casa.
É hora de comentar.

Memórias.

Amanhece...

Tábatta Iori [26.10.09]

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Um causo...

É isso meu anjo, como as mentes de jovens de dezessete anos ao fim da linha se transporta para o adulto? A gente ta vendo tudo mudar. E a gente pode escolher se deixa rodar. Um texto talvez eu explique melhor o que quero te mostrar.
Ele chega com suas asas e diz que decide não mais voar. Há um reboliço todo entre os das asas já alongadas até o último, há reboliços até quem nem tem asas tão longas mas que sabe que voar era o que ele mais apreciava. Seus olhos não agüentam e sua face desaba ao entregar suas asas e dizer “to caindo fora, a vida veio em formas de muros”.
Um telefonema. Um ligar pra avisar sua amada que largou tudo e que eles vão fugir ao entardecer do outro amanhã. Ela desesperada topa fugir com aquele garoto sonhador, afinal, eles eram um só, era coisa de criança com criança, coisa de irmãos de leite.
O dia amanhece, era um dia branco, tão claro que os olhos cegavam ao olhar pro alto. Os dois se encontram e vão se despedir daquele outro lugar onde nasceram e passaram a maior parte de suas vidas. Depois de tudo apresentado para ir, os dois vão em direção a lugar nenhum junto com o não sei aonde. Mas ao anoitecer, chegam em uma fronteira, onde só pode passar para a outra cidade quem é anjo, pois esta é a forma segura do lugar manter a segurança dos moradores. Ao chegar no portão o guarda celestial pergunta:
- Pois não?
- Queremos passar, somos anjos [responde a garota]
- Você eu sei que é, mas e ele? Anjos tem asas!


Era um dia branco.
Eu odeio dias brancos !
Era o fim dos dezessete.
Eu odeio o fim.

PLIÊS.

Tábatta Iori [08.10]

Uma bolsa de estudos para quem?!

E como tudo já havia passado.
Virou passado o aviador.
O lema é escrever,
Escrever sem parar,
Escrever sem pensar.
Já que os loucos se alucinam por nada,
Já que vivemos de brisa.
Aquela garota sentada na calçada,
Desnuda, com fome e sem cheiro
Quando ela estende os braços por uma migalha
Você bate a mão em sua palma
E brinca de fazer verdade.
Ela vai te perseguir.
Atordoar-te como um cão a espera de um milagre.
Mais não existe mais milagres,
Tudo era ou é só ilusão,
Aprendi em uma tela grande com filme do nada a ver.
Mas quando tudo passar,
A gente volta e escreve de novo.
Acho que vou ter que quebrar as regras...
Senão meus dedos vão ficar fáticos e sem gelo,
Pare antes de amanhecer
E antes da garota voltar pros seus sonhos.
Porque quando o sol nascer
Tudo paralisará e ela voltará pras ruas.
To tentando uma bolsa de estudos pra Lua,
Ela diz que ta passada.
Ultrapassada.
Ultra.
Passa.
Parei.

Tábatta Iori [08.10.09]

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Homens feitos de cadarços.

Angustia impalpável
Daquelas que faz a cabeça atordoar
Por não ter resposta ao questionário
Das perguntas inconscientes
Uma questão humana
Uma questão orgânica
Somos homens,
Capazes de criar, revolucionar, desenvolver e submeter
Por outro lado, somos animais
Incapazes de renegar nossa natureza
Nosso ego e ignorância
Sim, asfalto e migalha nos servem
Já que a miséria da metrópole nos devora
Nos traga a cada cigarro acendido
E nos engole a cada maxilar que não tem o que mastigar
Somos a única espécie que deixa o próximo passar fome
Que deixa a lagrima escorrer e a solidão transbordar
Daqueles que não tem prestigio,
Daqueles que não tem nome reconhecido
No cartório, no catálogo, no prontuário
O que é uma nomenclatura?
O que é um numero de registro?
Perto do que temos dentro de nós
Não somos nomes, não somos números
Somos apenas...
Interrogações,
Cito estas, por não saber o que somos
Por não saber para onde vamos
E nem a ordem certa das coisas.
Mas a resposta virá
E desta vez não vai haver burocracia
Nossa ascensão será nosso próprio declínio
Enquanto o vácuo individual vai nos corroer
Vai nos limpar de nossas manchas por sermos o que somos
E ainda sim, a poeira do que restar vai nos custar
Pois fardo humano,
É fardo que pesa.
Até isso acontecer
Vamos continuar amarrando nossos cadarços
Enquanto brincamos de sociedade.

Guilherme Radonni.