segunda-feira, 27 de março de 2017

Encanto


Voltas que o vento deu
Vindas que a vida dá
Quando a gente menos espera
O coração torna a pulsar
E te surpreende com um sopro tão leve
Recordando o encanto de uma flor
Que de pétala em pétala desabrocha
E exala o teu perfume e a tua cor
Pintando os olhos que se misturam
Entre o mistério do desconhecido
E a intimidade do afeto
Que faz dois peregrinos distantes
Se cruzarem tão de perto
Caminhos que se entrelaçam
Feito os dedos e as palmas das mãos
Que buscam no sabor das palavras
O silêncio da respiração
Num abraço que acolhe
As fronteiras entre eu e você
Nos diluimos em meios aos beijos
Que faz o tempo parecer se estender
Só para esquecermos que o amanhã
Ainda é longe quando temos o agora
Então só nos resta dançar
Mesmo quando não tem música lá fora
Assim descobrimos o ritmo
De quando minha pele toca a tua
E num ninho de aconchego
Nos deitamos junto a lua
Como pássaros aninhados
Minhas asas sobre as suas
Que o sol já vem raiando
Acordando toda a rua
Despertando entre caricias
O teu cheiro me traz de volta
Já levanta novo dia
Logo mais já vai se embora
Mas fica dentro do peito
Uma parte que não sai agora
Como flor que o vento traz
E um dia também leva
Mas o perfume fica e não vai
Pois o encanto é o que preserva.

Guiel









quinta-feira, 16 de março de 2017

Coração Cigano


Coração Cigano pelo mundo afora
Vento que me trouxe e me leva embora
Que a viagem é longa e o tempo  não para
Mas não vou sozinho eu vou com Santa Sara

Coração cigano do espinho a rosa
Coração que ri, coração que chora
Buscando um amor, que não esta fora
E já não cabe dentro, aonde esta agora...

Me diz beija flor, que já sabe  voar
Beijando as flores, sem se apegar
Qual é o segredo desse jardim
Toda flor que nasce sempre tem seu fim

Lágrimas que lavam
Os olhos da dor
Caí e rega a terra
Nasce um novo amor.

Coração Cigano pelo mundo afora
Vento que me trouxe e me leva embora...

Guiel



quarta-feira, 8 de março de 2017

quarta-feira, 1 de março de 2017

Sonhos de um peixe alado

Essa noite antes de mergulhar
Para dentro de mim mesmo
Senti um silêncio tão profundo
Embalando meu corpo
Como as ondas do oceano
Que envolvem o destino dos barcos
Então de olhos fechados
O mar inundou os meus sonhos
Abrindo as portas daquele outro lado
Feito de água e puro mistério
Entre o vai e vem das marés
Eu era arrastado junto a outros homens
Que remavam para não se afogar
Desbravando a força das ondas
Em busca do desconhecido
Nos lançávamos em direção ao mar aberto
Determinados a encontrar,
O que havia se perdido
Foi quando a revolta das águas
Se ergueu feito um muro
Desaguando sobre nós
Um clarão de água e sal
E por de traz daquele véu azul
Surgiu um ser translucido
Feito o brilho de um cristal
Como um peixe alado
Que deslisava por entre os fios de água,
Nadadeiras e asas, que saltavam e mergulhavam
Me confundindo entre as alturas e as profundezas
Que por um segundo se fundiram na linha do horizonte
Fazendo o tempo parar por um instante
E no limiar que separava a luz da escuridão
O teu olhar se cruzou com o meu
E o peixe de asas
Me atravessou por inteiro
Como um farol rasgando a noite
Fazendo emergir sentimentos distantes
Como estrelas a brilhar na imensidão
Então alcei um arco e flecha prateado
Que repousava em uma de minhas mãos
E sem pensar ou mesmo mirar
Num impulso diluido em encantamento
Lancei a flecha que saia do meu peito
Em direção ao coração do peixe alado
Sinto que  naquele momento
Acertei a mim mesmo
Como se estivesse caçando uma parte minha
Perdida nos mares do esquecimento
Nos sonhos de infância
Nas aventuras e fantasias de criança
Que tentaram me fazer não acreditar
Mas ainda sim, sobreviveu dentro de mim
Quase afogado sobre memórias, anseios e revoltas
Aquele ser encantado,
Ainda habitava o meu oceano interior
Meio peixe, meio pássaro
Que não podia ser pescado
Muito menos capturado
Pois no seu intimo
Ele era livre para ser o que quiser
Mergulhar ou voar, o que importa...
É se entregar para ser o que se é
Sem ter que escolher
O azul do céu, ou azul do mar
Pois no fundo
Bem no fundo
Tudo é azul.

Guiel









Pó de estrelas


Venha ver a lua que brilha sobre nós
Antes das estrelas se apagarem
Antes do eclipse começar
E me desvende
Antes do dia amanhecer
Antes do sonho despertar
Abro minhas portas e janelas
Para você me atravessar
Como uma estrela cadente
Viajando pelo céu
Que há dentro de mim
Mesmo no mistério da escuridão
Ainda há muita luz para ser descoberta
Então não tenha medo
De mergulhar para dentro
Pois lá fundo
Somos todos iguais
Feitos da mesma poeira
Do mesmo pó de estrelas
Que um dia se espalhará de novo
Para iluminar a escuridão!
Venha antes que a porta se feche
Venha ver a lua que brilha sobre nós!
Guiel


Transmutar-se.


Por dentro e por fora
Para relembrar do que foi esquecido
Para renovar o propósito do destino
Dando asas ao pés pelo caminho
Que se desfaz, cada vez que perco o sentido
E ainda perdido, me encontro de novo
Como a serpente que morde o próprio rabo
Do veneno, segue a roda da cura
E das escamas do passado
As cores do renascimento
Chameja em mim a luz violeta
Que alumia a sombra
Onde dormia a imensidão
Metamorfose da lagarta
A se libertar do próprio casulo
Para dar asas ao novo
Que floresce dentro de mim.

Guiel