Se estivesse tudo claro
Talvez eu não estivesse assim
Cego, no entanto enxergo
O padecer do meu próprio ser
Que derrama angústia sobre o claro
Escurecendo, ofuscando, apagando
Tudo que fosse vida
Ao menos se tivesse a velha euforia
Batendo no peito
Mas nem isso me resta
Resta-me o resto de luz
De uma luminária velha
Posta sobre o criado mudo
Que já é menos mudo que o meu grito
Já sou pedaços, de lembranças desbotadas
E estas, me fazem menos do que eu sou
Pois são memorias desconfiguradas
Forjadas por mim mesmo
Afim de preencher minhas próprias lacunas
Não deposito a culpa sobre ti
Pois você foi só aquele
Que me clareou o vazio
Iluminou o vácuo, e ainda sim não fez nada mais
Que me mostrar o meu escuro
O meu particular fosco, opaco e sem nada que não
Os vestígios de ti.
Guilherme Radonni.
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