quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A falta, a insolação, o vazio e o amor.

Não escrevo sobre a falta, porque não posso.
E não é porque ela me falta, mas sim porque
Não sei de fato se preciso dela
Enquanto ao amor?
Esse sempre aparece mesmo quando não deveria
Mas ultimamente, to começando a crer
Que se confunde amor com qualquer coisa
Menos com ele mesmo
Até com efeitos da insolação
Sim, insolação que reproduz amor
Aquele calor que te toma á pele
Induz aquela fornicação por entre a carne e os ossos
Te provoca febre até lhe assolar a ordem das coisas
E quando nos damos conta
Estamos delirando, meio embriagados de sol
E sentindo aquela euforia que achamos ser amor.
Mas não é.
Mesmo que os dois, digo
Insolação e amor
Nos deixe manchas, não se pode confundir
Os efeitos de exposição ao sol,
Com os efeitos de exposição á alguém
Porque de fato
Só nos permitimos sentir,
A bendita radiação da pele ou radiação do ser
Porque nos expomos,
Caso contrario
Não sentiríamos nada que não
O eco da nossa própria existência
Ou na mais exagerada das hipóteses
Sentiríamos o vazio.
E esse sim nós corrói mais que a falta.
E não devemos ainda confundir a falta com o vazio
Mesmo que ambos sejam derivados da ausência
A falta, é sentir carência de algo que se sabe ou não o que é
Já o vazio, é não sentir nada
E ainda sim sentir esse não-sentimento
Não sei porque me prolongo
Aumentando linhas estampadas de letras
Teorizar sobre tal assunto,
Já não conclui mais nada
De qualquer forma
Ainda temos a insolação.

Guilherme Radonni

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