Que doença tola essa que chamamos de amor
Enfermidade mais medíocre não há
Primeiro nos devora os anseios
Nos preenche as lacunas
Faz o cinza parecer vermelho
Só para depois nos esvaziar de tudo que nos trouxe
O amor, esse que não se vende em mercearia
Me digeriu em pedaços imperfeitos
Me afogou em minha própria alegria
E não satisfeito, sufocou ainda meu fôlego e minha asma
Sim, ainda tenho asma, aquela velha asma
Que não me deixava quando pequenino
Correr sem rumo pelas calçadas
Nem dançar tanto tempo sem sentir aquela aperto
Mais agora acho que mudou de nome
Ou pelo menos de motivo
Essa asma que eu sinto no peito
Agora é sufoco de amor,
Amor incurável,
Que devora até as bulas e as receitas médicas
E pra esse mal não existe cura
Não existe remédios, nem homeopatia
Nem sequer reza, milagre ou curandeiro.
Resta-me padecer
Esperar que o amor coma o fim dos meus dias
Mastigue minhas últimas horas
E engula o término de meus minutos.
Assino então minha falência
Minha desistência,
Minha eutanásia.
E confesso, prefiro morrer deste tumor no peito
Que chamamos de amor
Do que viver sem tal doença
Do que ser saudável perante o vazio
Do que ter assinado no atestado de óbito
Solidão.
Guilherme Radonni.
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