Mesmo eu não crendo no tempo cronológico
Criado pelos homens, e ditado pelos ponteiros do relógio
O passar das horas sem você me sufoca
Já não suporto um minuto se quer sem tua presença
E sim, digo pelo tempo dos homens
Por cada passar de hora
Em que teu cheiro não me toma os dedos
Em cada segundo gasto
Em que minhas pupilas não enxergam teus rastros
Confesso,
Tenho medo de não te encontrar mais
Durante a nossa insônia ofegante
Tenho medo de te deixar
Sem antes contar todas as pintas
Que estão esparramadas sobre teu corpo
Sem ordem ou conjuntura
E também tenho medo
De não te assistir uma última vez
Dormindo sobre os meus ombros
Naquele sono fora de hora.
Pra cessar esse medo, suplico
Foge comigo, pra bem longe do tempo
Pra qualquer lugar que não a realidade
Onde deitar no verde e fazer fotossíntese
Seja a nossa única rotina,
E ensaboar tuas costas no chuveiro frente ao espelho
Seja tão necessário, quanto à gravidade.
Por estes e outros motivos
Não me deixe só
E não é porque tenho medo do escuro
Até mesmo porque não tenho
Mas sim porque preciso da tua presença
Esparramada sobre minhas horas
Sem órbita ou eixo
Apenas esparramada
Que mais se quer que deitar na janela ao teu lado e ver o céu?
Nada, não preciso de mais nada que não isso.
(Você sabe que esses versos são para você).
Guilherme Radonni
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