Garganta arranhada
Inflamada de ego talvez
Ainda sim, podia sentir as nuvens
Me descendo goela abaixo
Nunca pensei que poderia engolir o céu
E de fato não posso
Trago somente as nuvens
Cinzentas, com gosto de boemia
Em meio o vermelho da boca
O branco do filtro
Saliva e fumaça
Talvez um pouco de angustia também
Mas logo some, chega aquele leve bem estar
De quando se é novo ou velho de mais
Pra saber o que é
Talvez porque seja pela garganta
Se fosse pelas veias seria mais...
Narcótico
Um trago pra consciência
Mais um maço talvez
Agente nunca sabe quando acaba
Vamos, você e o seus últimos vinte amigos
Tem fogo? Isqueiro ao menos?
Brasa talvez?
Você que ascenda tua juventude em outro canto
Em outra boca,
Na minha não, já basta o tabaco
Pra adormecer minha língua
Me cortar as gengivas
E fazer fumaça em água.
Foi assim, começou por terceiros
Depois veio a curiosidade,
Quando percebi
Lá estava eu, segurando com os dedos
Levando até o lábio, puxando o fôlego,
E sentindo as nuvens me descer
A garganta, chegando ao estomago
E se subdividindo pelo resto
Nicotina e sangue.
Combinam mais que inocência e vício.
Não me contento mais com o leve bem estar
Agora mastigo as nuvens
Pra que elas não me mastiguem
De qualquer maneira
Continuo tentando engolir o céu.
Guilherme Radonni
começou por terceiros. Um baseado, pinga, um trago, tudo isso não é vicio, é a consequencia da solidão meu irmão. Cuide se para não piorar. Cuide se. Te amo.
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