Sim, este verso é pra ti
Meu estandarte, meu alicerce,
Meu porto inseguro
Nossa loucura nos deixa vivos
A loucura deles quase nos mata
Mas não nos rendemos facilmente
Gritamos aos bueiros sujos e impetuosos
Ai vai meu grito e o teu grito
Que ecoaram, naquele velho e assombrado
Manicômio de segunda
O cenário do nosso casamento
Onde os padrinhos serão sempre
Os malucos hipocondríacos
Que necessitam de camisa de força
E sim, isso nos bastará
Porque teremos um ao outro
Lembre-se do nosso plano de fuga
Estampado de verde e pintado de vermelho
Fotografado por pupilas quase virgens
Inspiradas por um céu limpo de rotina escassa
Vamos, leve os joelhos e a coragem
Pois nada condiz melhor
Com os nossos memoráveis dezessete anos
Os joelhos, pra cair e a coragem, pra levantar
Assim seguimos nessa estrada de acerolas
Que penetram os palcos, onde só os devaneios
Responde por nós.
Meus lábios não esquecem os teus
Aquele gosto de noite, gosto de irmãos
Gosto de reis de um leão
Que se embebedam do nosso leite
E se embriagam da nossa insanidade
Sobre aqueles lençóis paternos
Que só nos aproximaram como um, ou como vários
Pois nosso amor é alem do físico
È alem da vida e além da nossa loucura
Me deixe se perder na ponta dos teus cabelos
Que se lamentam por estarem sóbrios
Cabelos de tabaco.
Batatas, se esparramam
Enquanto nós nos deitamos
Nossa nomenclatura não é compatível
Nossa básica estrutura não é divisível
Mas nós sim,
Somos insolúveis e incompatíveis
Pelo menos ao resto do mundo
Mas fique sempre ao meu lado
Pois de nada me vale o ar
Se não o posso dividi-lo com os pulmões infames
De alguém como tu
Que sejas tu
E que não deixes tua melancolia corroer-te as entranhas
Mas se assim fizer
Juntarei tua poeira e beijarei-te a face.
Te amo mais do que a mim mesmo
Pois você já sou eu
Enquanto eu sou seu mero concumbino
Admiro teus olhos que choram pela miséria que não nos pertence
E louvo teus pés, que mostram na curva dos dedos
O sentido de estarem sólidos
Meu versos são para ti
Essa minha metade que conforta os olhos gastos
Tábatta, és o nome que gravarei em minha lápide.
Quando tudo isso não passar de uma recordação
Em alguma sacada no chão vasto da lua.
De um louco para outro.
Guilherme Radonni
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