segunda-feira, 4 de maio de 2009

Extermínio

Não te procuro mais
Não te vejo nas feridas equalizadas
E tua boca, não encontra mais minha saliva
Mas mesmo assim,
Me extermine
Me desfaça com a solitude do teu fuzil
Me carbure com a saliência de tuas sobras
E me derrame sobre o resto que sobrou dos dias
Pois o vermelho se fez escuro
E o sangue que ainda coagula
Já enferrujou o lábio e a mão direita
Então me extermine
Não me deixe a deriva
Desse desespero efêmero
Que corroí minha horas
Que destrói meus versos
E me faz de poeira degradável
Salive sobre minha pele escassa
Que lacrimeja a ânsia do meu estomago
Vitima da tua ulcera
Que me carrega.
Me leva ao teu encontro
Nas noites estampadas com teus beijos já cálidos
Me deito em tua lapide, abraço teu tumulo
Me faço sepulcro e amo teu cadáver
Foi isso que restou dos meus dias sem teu cheiro
Mais uma vez, me extermine
Tenho o coração seco, e os olhos encharcados
Tenho calos nos dedos e nenhum trabalho
Tenho amor no peito e ninguém pra dá-lo
E agora já não tenho mais tua presença
Me resta a ausência
Ausência dos próprios joelhos
Um feriado prolongado de mim mesmo
Sem tuas manchas pra escorrer
Sobre minha serenidade
Lave!
Minhas enfermidades
Meus vícios
Meus ilícitos
E lave a marca que tuas mãos
Deixaram em meus lençóis
E depois disso
Me extermine.

Guilherme Radonni.

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