Cansei de dedicar meus versos ao cinza
Por isso, vou fazer um samba
Vou fazer o vermelho virar um verso
E vou fazer os quadris, se embalarem as rimas.
Talvez em Parati,
Ou talvez em qualquer lugar
Cidades históricas ou Litorais
Calmarias ou vendavais
Não fazem diferença ao lábio que se afoga
Pois a valsa na calçada
É a mesma que a do baile de gala
Portanto alforrie as gravatas
Aposente os saltos
E elimine o pudor dos bolsos.
Somente deixe o acaso reinar
Enquanto isso
Colha o que a vida não te mostrou
Roube do vermelho
O que o cinza te tirou
E mais que isso
Dance nas calçadas de Parati
Pois aqueles cabelos
Não cantaram para sempre.
Se não voltar a capital, finja ser urbano
Turistas atraem o carnaval
E o feriado prolongado só aproxima as mãos
Dos dedos entrelaçados.
Pule os muros, corra nas sarjetas,
Lacei os lábios e caleje os pés
Mas não de calos
E sim de prazer.
Faça até a tua dor valer a pena
Pois não poderá preencher mais nada
Se não te restar nenhum vácuo.
Jogados na calçada, esperando a carruagem
Meia noite e quinze, e viramos abóboras
O guarda-chuva só pra deixar cômico
Enquanto isso quatro rostos
Dão sorrisos de juventude
E de ânsia da vida que os aguarda
Use da menina loira a inocência das pernas
Use da morena louca a cabeça que já não é mais raspada
E da menina de tabaco, use os cigarros
Aposto que um trago,
É o suficiente
Pra te tirar do concreto
E de mim, use apenas meus versos
Pois informo que o resto
Não é tão fácil de se usar.
Guilherme Radonni
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