(A enfermidade que me devora as horas)
Aos dedos que declararam falência
Lamento á hipotermia
Que parece me consumir o desenho das mãos
Que tentam rabiscar algo a ser consumido
Pelas pálpebras pesadas
Mas és fusco de mais
Para valer um vintém
Meu desenho é abstrato e não vale meus versos
Tento, tatuar minhas próprias rubricas
Mas a espessura do teu rosto
Que ainda se faz presente na memória suja
Me impede de caminhar a esmo
Sem pretensão de saciar os rins
Lábios, cansados
Que se enojam de outros lábios
Só querem a insanidade de volta
Da saudade que nos escraviza
Do tempo que não volta
Da ânsia já vivida.
Dias cinzas reinam novamente
Mas agora o frio, me invade os pés
Sobe lentamente pelas curvas das pernas
E sem piedade, me corroí o peito
E torna cálido as veias que já não palpitam
Sobre aquelas migalhas deixo meu consolo
Que se deita sobre a mesa do café
E levanta sobre a janta mal comida
Consumida, foi minha euforia
Agora sou aquele que colhe letras
Em um teclado, pouco artesanal
Afim de expressar, o que nem as letras
Podem sentir.
A ultima valsa que compus
Foi pouco feliz
Me inundou os olhos
E me secou o peito
Mas nada, nada dói mais
Que a lembrança estampada na memória suja
Lamacenta, movediça e empoeirada
Agora por favor espalhe meu desespero
Compartilhe da minha dor, porque
Meu peito é pequeno de mais pra tanto enfermidade
E meus olhos já se afogaram
Nos cacos de vidro que as lagrimas
Fazem questão de expelir
Mas deixo-te mesmo assim
Pois não tenho dom
Não tenho o que te prenda
Não tenho o que te oferecer
Só tenho a minha dança e a minha poesia
E isso só vale a mim, e a mais ninguém
Sendo assim
Não assista a minha dança
Não leia minha prosa
E por favor
Não me assombre mais.
Guliherme Radonni
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