sábado, 23 de maio de 2009

Valsa ao meu holocausto...

Tua ânsia retardatária
Me fez engasgar até dos meus versos
Que eram tingidos e metrados
Em prol da tua nostalgia
Mas agora só restou as cinzas do que era vermelho
E me sinto feito poeira que nem o vento quer levar
Nossas prosas, agora desbotadas
Talvez não sirvam nem pra um conto
Pois o final seria sepulcro de mais
E meus versos, talvez sepultados
Ao pouco do que sobrou do teu cheiro
Teu amor por mim era pouco
O meu por ti era, irremovível
Mas darei um jeito de te exterminar do meu sangue
Nem que tenha de sabotar as próprias veias
Junto aos suicídio dos pulsos.
Não te farei eternizado, pois não nasci para ser estável
Por um instante quase me esqueci
Que meus lábios pertencem ao acaso
E não aos dedos desvirtuados
Que como os teus
Me invadiram a carne e me fizeram de escravo
Um servo dessa euforia
Que me invadia o peito
Mas que agora só deixou o eco
Do holocausto que você causou as minhas vísceras
Ainda te admiro por ter sido lúcido
E me abandonar enquanto a Lua era só itinerário
Sim, me tatuou uma ou outra cicatriz
Mas nada me eternizara mais que a falta dos teus fonemas
Prometi a mim, não deixar escorrer as lagrimas de vidro
Mas promessas se desbotam junto ao amor que nos invadia
Então o que posso fazer
Deixe que elas derramem de mim
O que tuas mãos fincaram em meus olhos
O vermelho.
E sim, maldita será das bandas de 17 anos
Que serviram de trilha sonora ao nosso extermínio
Maldito será do verde que foi cenário
Naquela tarde nostálgica
Que ainda se faz colorida na memória gasta
Agora deixe-me
Vá com o vento e se torne atemporal
Não faça despedidas e nem cerimônias
Apenas me deixe,
E que o tabaco me console, dos martírios da vida.

Guilherme Radonni

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