Concordo com a prosa a baixo
Concordo com a minha metade cor de tabaco
Que és um absurdo fazer poesia todo o dia
Pra cansar esse vazio que grita
Pra cessar a dor que nos atormenta
Pra filtrar a ulcera de nossos estômagos
E mesmo assim continuamos
Um verso por segundo
Um amor por minuto
Mas nada preenche para sempre nossas horas,
Que se difundem em miseráveis lacunas
Isso não deveria ser existente
Em nossos dias, às vezes cinzentos
Às vezes vermelhos de mais
Mas nunca suficientes
E desculpe minha amada
Nem se fumássemos todos os cigarros do mundo
Essa ânsia desapareceria
Pois a fumaça das lontras, são de poeira
E nos deixariam, assim que o vento
Tocasse sua valsa leviana
Talvez seja isso,
Precisamos de mais valsas
Mas não para nos satisfazer
Somente para deteorizar os calos
E talvez causar uma hemorragia terminal
Que nos levaria para o que é sepulcro
E enterraria nossa matéria feita de carbono.
Minha amada, não lamente escrever por ninguém
Lembra-se
Nossos versos são para os ouvidos tapados
Lembra-se que nossos dezessete anos
Foram longos e intermináveis
Acredito que serão eternos
Pois nossa loucura não cessara em doze meses
Foi aos dezessete que abrimos os olhos
Antes estivessem fechados
A cegueira da alma produz,
Felicidade artificial
E artificial, é um dos únicos adjetivos
Que não nos pertence.
Portanto abuse,
E a Moraes, Drummond e Assis,
Nossas desculpas.
Pois continuaremos a escrever
Um verso por minuto.
Guilherme Radonni.
Talvez recebereis o perdão de tais senhores, mas seria um perdão sujo, e artificial diante deste desaforo que expelem: um verso por minuto, um grito por segundo, uma batida por milésimos de segundo.
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