domingo, 31 de maio de 2009

Pra você, Parabéns!

Coisa engraçada essa de crescer uns centímetros
Começamos feito semente, que nem sequer tem fruto
Quando nos damos conta estamos por ai poetizando
E fazendo da vida um filme.
Um ritual sempre marca este acréscimo
Nesta cerimônia onde o açúcar escorre pelos calos ganhados
E a glicose invade a corrente sanguínea nos deixando eufóricos
Somos feitos ali, prontos para se transpor
Do universo que nos abandona para outro que nos recebe
Nem sempre é de bom grado, mas sempre é anual
Convidados sãos os olhos que nos assistem
Mas os ouvidos que nos escutam
Nem sempre ouvem a hora em que nos tornamos grandes demais
Para festinhas com bexigas vermelhas
E bolos coloridos,
È chegada então o momento da cantoria de transição
Nos deparamos, com aquelas palmas atordoantes
E encorajadoras, que aplaudem a nossa glória
De permanecer lúcidos por mais 365 dias
È pique, é pique
Mas nunca é hora
O relógio se dilata junto ao som das palmas
Que faz eterno o fôlego que sabotamos
Na intenção de sucumbir
Aquela chama, luz incandescente
Que se mantém acesa e intacta
Bem ali na ponta da nossa juventude
Em cima de um pouco de cobertura e soterrada sobre algum recheio
Fazemos força para apagá-la
Mas as velas, nunca se rendem facilmente
Persistem em retardar os parabéns
Mas não são tão eficientes nessa tarefa
Afinal nosso desejo de ser um ano mais velho é mais forte
Pelo menos em quanto se a vida para explorar
Enterramos as velas, cortamos o bolo
E negamos o primeiro pedaço
Este cujo, eu sempre achei desnecessário
Pois sempre o dei a mim mesmo
Talvez seja culpa do egocentrismo que me pesa os ombros
Ou talvez seja culpa dos olhos alheios
Que nunca me convenceram serem dignos
Do primeiro pedaço
Seja qual for a razão, acabava sempre me entupindo de glacê
A cereja, deixava pra mais tarde, só pra trazer no vermelho da casca
A nostalgia, da infância envelhecida
Por final os convidados me abandonavam
E eu ficava só com as balas, que imitavam algo tão doce
Digno de um gemido, mas eu,
Já estava velho de mais para tal.

Guilherme Radonni

Imagem de exibição

(adicione)

Sempre entro escondido,
Evito as falsas saudações
E as perguntas que não esperam respostas
Confiro os dedos que forjam os diálogos
E a trilha que me serve de fundo
Então estou pronto para iniciar mais uma
Daquelas que subtraem horas dos meus dias
Considere o que quiser
As vezes são excitantes, as vezes melancólicas
De vez em quando poéticas
Mas sempre inodoras
Exceto com aquele que me fez lúdico
Ainda o sinto nas narinas
Aquele cheiro nostálgico
E pouco transversal
Desconverse
Mude de assunto
Não faça do delírio alheio, refugio da saudade
È sempre em casa
Ou na minha ou na sua
Depende do ponto de vista
Se vista, não és apresentável
Dialogar assim
Alguns viram e dormem
Outros nem viram
Tem quem peça atenção
E alguns que pedem só a mão
Eu peço a companhia
Alguém pra compartilhar da insônia
Ou então pra assistir o por do sol
Mesmo que o os olhos desconhecidos
Só suplicam outra coisa
Tem dia, que acho subgêneros
Subgrupos e subcategorias
Tem outros que eu simplesmente bloqueio
Ignoro ou esqueço.
Convites chegam, mas as vezes estou indisponível
Mesmo quando estou aqui
Porque as vezes estou lá
È então a típica situação em que nos fazemos
Objetos, deixamos que nos invadam
Mesmo quando estamos fechados
Respondemos os questionários
Sem assinar os campos obrigatórios
E fazemos mudo, o dialogo que se prossegue
Por conseguinte, nos despedimos
E as vezes esquecemos a nomenclatura
Afinal o nome alheio nem sempre interessa
E assim se dá as relações humanas
Podemos incluir essa analogia a intervenção que se propaga
Sexo, amizade, profissional, criminal
Ou então como esse verso declara
Um simples dialogo de mensagens instantâneas.

Guilherme Radonni

Eu te amo com incandescência

[ao rei que perdeu seu reinado ontem]

É a sua imbecilidade que me aponta.
É simples, é só te tirar daqui do lado.
É só você não a fazer mais infeliz.
Não fique com muita coisinha,
Porque o triste aqui é você
A tristeza que transforma aqui é sua.
Você nunca voltará a ser o mesmo
Desde quando a fez nunca mais te amar.
Humilhar a mulher guerreira de olhos claros.
Humilhar o liso dos pretos de seus cachos...
É humilhar a mim.
É bater na minha cara e dizer que eu não existo.
Eu já sinto pena.
Daqui a pouco derrete.
Finge que você é um pai materno,
Finge que você faz parte de mim.
Só finja...
Já não sei se o que sinto é prazer em te ter aqui.
Mas te provo meu velho dos livros sonhados
Por mais que seja de sangue,
Nunca mais repita o que disse a luz de velas
Nunca mais ouse dizer o que pensa,
Porque um tapa receberás de uma mão forte
Que com o seu sangue de glória
Virará contra ti e te ensinará a respeitar os mais respeitados.
Eu te amo com incandescência,
Eu te amo por amar.
Cuide de sua saúde agora...
Porque já estragou a da rainha.
Glória, glória aos reinos dos reis
Viva o imperador indelicado.
[Tábatta Iori]31.05.09

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Paga uma dose que eu te conto...

Que venham os tragos, os goles e os lábios
Que venham os delírios, os devaneios e os frenesis
Só almejo o acaso, o teu escarro,
Tua sujeira visceral
Corroendo minhas córneas
Desfazendo meus ossos
E carburando o que resta das sobras
Me engasgue na fumaça do teu tabaco
Me afogue na etéreo do teu álcool
Me deite sobre a pele alheia
E antes que eu acorde
Me dilua num copo de insanidade
Sou um cubo de gelo
Que derrete sobre o vermelho dos resíduos solares
Insolação que me invade.
Me penetra sem permissão
E corrompe o que meus olhos não julgam
Paga uma dose que te compro
Te guardo no bolso
E te tomo quando a sede chegar
Mas logo digo,
Criminal, foram os dias que me fizeram inconstante
Sabotei as horas e deturpei minha própria virgindade
Ainda a tenho, pois nada leva o que não existe
Já nasci corrompido, sou um fruto desgarrado
Da arvore que me pariu,
Enveneno minhas raízes,
Só para ter o alucinógeno
Que faz abstrato os olhos que não enxergam
Ouço a dissonância do êxtase
Que entra por baixo da porta
E sem permissão nos torna eufóricos
E dignos de um manicômio
Camisa estranha essa que me prende os braços
Mas que se quer me prende os olhos
Que continuam a se enfatizar
De loucura, suicídios e martírios carnais
Supra minha ânsia com um pouco de barulhos
Uma dose de verso, e um gole de prosa
Dance sobre a minha pele escassa
Faça de mim um terreno baldio
A ser preenchido com o que torna homem
Ou mulher.
Satisfaça as horas e goze sobre os minutos
Se faça atemporal, ao ponto de não saber que horas são
Porque a mim, só resta o acaso
Caminho a cada dia para o tumulo que me aguarda
Mas faço questão de caminhar lentamente
E fazer de cada copo
Um eterno delírio.

Guilherme Radonni

Devoção ou redenção

(A enfermidade que me devora as horas)

Aos dedos que declararam falência
Lamento á hipotermia
Que parece me consumir o desenho das mãos
Que tentam rabiscar algo a ser consumido
Pelas pálpebras pesadas
Mas és fusco de mais
Para valer um vintém
Meu desenho é abstrato e não vale meus versos
Tento, tatuar minhas próprias rubricas
Mas a espessura do teu rosto
Que ainda se faz presente na memória suja
Me impede de caminhar a esmo
Sem pretensão de saciar os rins
Lábios, cansados
Que se enojam de outros lábios
Só querem a insanidade de volta
Da saudade que nos escraviza
Do tempo que não volta
Da ânsia já vivida.
Dias cinzas reinam novamente
Mas agora o frio, me invade os pés
Sobe lentamente pelas curvas das pernas
E sem piedade, me corroí o peito
E torna cálido as veias que já não palpitam
Sobre aquelas migalhas deixo meu consolo
Que se deita sobre a mesa do café
E levanta sobre a janta mal comida
Consumida, foi minha euforia
Agora sou aquele que colhe letras
Em um teclado, pouco artesanal
Afim de expressar, o que nem as letras
Podem sentir.
A ultima valsa que compus
Foi pouco feliz
Me inundou os olhos
E me secou o peito
Mas nada, nada dói mais
Que a lembrança estampada na memória suja
Lamacenta, movediça e empoeirada
Agora por favor espalhe meu desespero
Compartilhe da minha dor, porque
Meu peito é pequeno de mais pra tanto enfermidade
E meus olhos já se afogaram
Nos cacos de vidro que as lagrimas
Fazem questão de expelir
Mas deixo-te mesmo assim
Pois não tenho dom
Não tenho o que te prenda
Não tenho o que te oferecer
Só tenho a minha dança e a minha poesia
E isso só vale a mim, e a mais ninguém
Sendo assim
Não assista a minha dança
Não leia minha prosa
E por favor
Não me assombre mais.

Guliherme Radonni

terça-feira, 26 de maio de 2009

Vômito á opressão

(Consuma o inconsumível)

Ao fuzil uma dedicatoria; todos os resíduos
Que lhe afagam a face
Faça do conformismo tua repulsão e vômito
Não se deixe a deriva da mão opressora
Oprimido, não se faça
Se faça gigante ideológico
Mas não agregue a falsa democracia
Aos dogmas apostólicos
Que lhe pesam a curvatura
Inflamação cerebral que me extingue da cadeia alimentar
Somos predadores cuja a fome não cessa
Pois nossa fome é de liberdade
Portanto devore as barreiras
Faça digestão aos muros que te encubam
E engula os vestígios das analogias sociais
Tenha ao menos uma indigestão
E ao estomago lamento
Pois nem ele tem acido o suficiente para tal
Que me venha os minutos epifanicos
Trazendo no fardo do inexplorável
Os tão desejáveis frenesis
Me tornando digressivo e inacabável
Divina eclosão, que me domina a garganta
E me concebe então o dom da voz
Portanto grito!
Logo existo.
Resista, insista, reflita ou então se submeta
Es um ser livre para viver ou ter de sobreviver
Não dedico meus versos ao pré-destinado
Me dedico ao indeterminável
Sou de fato, fruto do acaso
E meu único itinerário
E gastar da vida.

Guilherme Radonni

sábado, 23 de maio de 2009

Valsa ao meu holocausto...

Tua ânsia retardatária
Me fez engasgar até dos meus versos
Que eram tingidos e metrados
Em prol da tua nostalgia
Mas agora só restou as cinzas do que era vermelho
E me sinto feito poeira que nem o vento quer levar
Nossas prosas, agora desbotadas
Talvez não sirvam nem pra um conto
Pois o final seria sepulcro de mais
E meus versos, talvez sepultados
Ao pouco do que sobrou do teu cheiro
Teu amor por mim era pouco
O meu por ti era, irremovível
Mas darei um jeito de te exterminar do meu sangue
Nem que tenha de sabotar as próprias veias
Junto aos suicídio dos pulsos.
Não te farei eternizado, pois não nasci para ser estável
Por um instante quase me esqueci
Que meus lábios pertencem ao acaso
E não aos dedos desvirtuados
Que como os teus
Me invadiram a carne e me fizeram de escravo
Um servo dessa euforia
Que me invadia o peito
Mas que agora só deixou o eco
Do holocausto que você causou as minhas vísceras
Ainda te admiro por ter sido lúcido
E me abandonar enquanto a Lua era só itinerário
Sim, me tatuou uma ou outra cicatriz
Mas nada me eternizara mais que a falta dos teus fonemas
Prometi a mim, não deixar escorrer as lagrimas de vidro
Mas promessas se desbotam junto ao amor que nos invadia
Então o que posso fazer
Deixe que elas derramem de mim
O que tuas mãos fincaram em meus olhos
O vermelho.
E sim, maldita será das bandas de 17 anos
Que serviram de trilha sonora ao nosso extermínio
Maldito será do verde que foi cenário
Naquela tarde nostálgica
Que ainda se faz colorida na memória gasta
Agora deixe-me
Vá com o vento e se torne atemporal
Não faça despedidas e nem cerimônias
Apenas me deixe,
E que o tabaco me console, dos martírios da vida.

Guilherme Radonni

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu lá com os físicos e químicos dementes !

[resposta ao pequeno poeta dele]

Faça o seguinte...
Almeje o que os céus nos dá.
Ame a quem te de amar...
Mas nunca entenda o louco.
O louco somos nós meu velho...
O louco é o lúcido de vendas...
O louco é o louco sem loucura obscena.
Entenda a arte do enrolar em línguas...
Entenda a arte que eu tenho pra ti dizer
Se aquela sua tarde foi maravilhosa com o seu inglês
A minha foi bastarda de físicos e químicos dementes.
Eu sinto a sua falta e seu ciúme.
Eu sinto o seu pulso no corte da navalha
Eu sinto você se vendo nele...
Eu sei que o amas.
Mas lembra ?
Nós só amamos a nós mesmos.
Porque eu já te completo e você me altera.
Eu quero o falar em todos os instantes
Eu quero o fugir em diamantes
Eu quero por que quero estar aí
Eu quero seus versos sem sentir a palma da corrida
Eu quero por que quero sair daqui.
Eu quero o A em forma de M
Eu quero por quero a sua gramática em minha boca.
Deixe acontecer por completo...
Deixe eu te fazer sonhar.
Sempre faço versos em forma de som pra te fazer chorar.
Eu sempre faço e nunca vale.
Eu ti amo meu louco velho anfitrião.
Eu te amo e sempre te derramarei versos prontos com prontidão.
Simplesmente te admiro
E não corte seus pulsos por alguém igual a você.
Não agora...
Com experiências de transas sozinhas
De experiências com musicas certas
Com o derramar do leite sem os seios.
Não agora...
Ao fim dos dezessete.
[Tábatta Iori] 19.05

domingo, 17 de maio de 2009

Aos nossos versos

(inspirado naquele gigante que não se entende)

É isso, mais uma tarde
Onde só os nossos versos respondem por nós
Confesso, achei que o frio
Deixaria cinzento
O verde que nos adora
Mas logo senti o corpo febril
E os resíduos de sol
Tocando a ponta dos dedos
Dedos confusos que almejam o entrelaçar dos teus
Deixo-me adormecer
Ao som de uma historia
Que só estampa os papeis e a tua face
Ou melhor as tuas faces
Louvo cada uma delas
Mesmo que uma me reprima
Ao sangue real, que contamina tua prosa
Paixões inglesas que se diluem a um desejo francês
Entre os contos estamos nós
Olhos vermelhos, confusos, mais ainda sim poéticos
E uma liberdade que só se dá nos versos
Os meus, as vezes dedico a ti
Junto a minha lealdade, carinho
E sim luxuria.
Dedico-me a esse misterioso gigante
Que me confunde o peito mais ainda sim me aflora os devaneios
Você já se tornou amado
Já se tornou poético
E mesmo que se sinta
Interditado aos meus lábios
Deite-se nos meus braços
Que lhe almejam afago e conforto
Te tornarei compatível as minhas linhas
E exterminarei o vermelho
Dos dias cálidos, ao se sucumbir no carmim inodoro
Me olhe as pupilas
E veja, o dilatar do meu âmago
A escorrer pelos teus versos.

Do seu pequeno poeta.

sábado, 16 de maio de 2009

Samba cinzento...

Cansei de dedicar meus versos ao cinza
Por isso, vou fazer um samba
Vou fazer o vermelho virar um verso
E vou fazer os quadris, se embalarem as rimas.
Talvez em Parati,
Ou talvez em qualquer lugar
Cidades históricas ou Litorais
Calmarias ou vendavais
Não fazem diferença ao lábio que se afoga
Pois a valsa na calçada
É a mesma que a do baile de gala
Portanto alforrie as gravatas
Aposente os saltos
E elimine o pudor dos bolsos.
Somente deixe o acaso reinar
Enquanto isso
Colha o que a vida não te mostrou
Roube do vermelho
O que o cinza te tirou
E mais que isso
Dance nas calçadas de Parati
Pois aqueles cabelos
Não cantaram para sempre.
Se não voltar a capital, finja ser urbano
Turistas atraem o carnaval
E o feriado prolongado só aproxima as mãos
Dos dedos entrelaçados.
Pule os muros, corra nas sarjetas,
Lacei os lábios e caleje os pés
Mas não de calos
E sim de prazer.
Faça até a tua dor valer a pena
Pois não poderá preencher mais nada
Se não te restar nenhum vácuo.
Jogados na calçada, esperando a carruagem
Meia noite e quinze, e viramos abóboras
O guarda-chuva só pra deixar cômico
Enquanto isso quatro rostos
Dão sorrisos de juventude
E de ânsia da vida que os aguarda
Use da menina loira a inocência das pernas
Use da morena louca a cabeça que já não é mais raspada
E da menina de tabaco, use os cigarros
Aposto que um trago,
É o suficiente
Pra te tirar do concreto
E de mim, use apenas meus versos
Pois informo que o resto
Não é tão fácil de se usar.

Guilherme Radonni

Artesanais são os versos dos papeis em branco

Não precisamos fazer das estrofes retardatárias
Argumentos da nossa melancolia cotidiana
Fonemas são belos e magnânimos
Para servir de escape do cinza visceral
Que estampa as horas
Enquanto letras são memoráveis e geométricas
Os monogramas são estruturas quase que perfeitas
Embora as rimas só se dão aos ouvidos
Que não se fecham ao colorir das palavras
Vermelho, verde, azul, ou branco
Pinte o papel, pinte as horas
Escreve os dias, decifre as prosas
Mas não use do meu verso
Para se sentir inútil ou pouco útil
Talvez fútil, sejam os olhos que fingem enxergar
Mas pior do que eles
É o ouvido surdo que se recusa a escutar
Pontos de exclamação
Use-os para um sermão
Pontos de interrogação
Use-os para indagação
Pontos finais
Use-os para os terminais
Infernais, são as rimas emparelhadas
Que abusam da gramática
E deturpam a matemática
Pitágoras ou Baskara
Polinômios ou Trinômios
Funções ou equações
Nenhuma
No domínio dos versos
A única fórmula que vale um reinado
É a fórmula de se expressar
Portanto grite aos ouvidos dos versos perdidos
Grite a Morais, a Drummond, a Assis e a Queiroz
Mas não esqueça de gritar para ti
Pois o próprio ouvido é aquele que ama
È aquele que chora,
E é aquele, que é obrigado a escutar
O sofrimento das palavras
O encantamento das virgulas
E o cantorío das rimas
Essa,
É labuta do poeta

Guilherme Radonni.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Amado

Depois do passar das horas
A tua falta me falta
E o meu ar fica sem fôlego
Só preciso da tua prosa
Do teu afago
Do teu euphonium
Meu peito arde, como aquela asma
Que me devora
Me devora a integridade, me sucumbi a sanidade
E o motivo é só esse
Saudade.
Preciso de ti, pelo menos nas manhas
Meu verde se torna cinza
Sem o vermelho dos teus olhos
Faça-me teus minutos
E me gaste, me desgaste
Me resgate
Segundas, terças, quartas, feiras
A semana passa
E só o que me transpõe e saber
Que o meu domingo será teu
Faço da palavra loira a minha
Porque teu destino era morrer no meu
Meus lábios só soletram os teus fonemas
Minha pele repulsa outro cheiro
E minhas pupilas só fotografam a tua magnitude
Meu amado, meu gigante
Meu amor por ti és gigante
E você é o inexplicável
És a voz serenizada que conforta os ouvidos calejados
És alem de tudo meu passar das horas
Teu nome gravo em meus versos
Enquanto teu cheiro guardo em meu peito
Não me deixe a deriva da tua ausência
Ela serás meu suicídio,
Minha rubrica prefere a alforria
Para ser livre em nossa parede quase verde
No nosso jardim eternizado
E em nossos beijos dilacerados
Te levo, enquanto me levo
Te salvo, enquanto me afogo
Te louvo, enquanto me reprimo
E agora já amo-te
Pois não deixarei você passar
Como uma tarde verde.

Guilherme Radonni

[abre aspas...]

Sim...
A gente começa com tudo bem.
Porque eu to feliz..
Porque parece que vai explodir
E quando explode a gente vê o desespero.
Mas façamos de cada dia uma nova era
Façamos...
Apenas façamos...
De um modo de outro a mesmo coisa
E quando caí na rotina
A gente muda o cair...
Mas não a rotina.
É por isso que eu grito por todos nós...
Com todos os nós que a gente possa imaginar
Porque se você não tem boca,
Eu não posso fazer nada.
Mas se não tem nada
Eu te mostrarei o tudo
E o tudo..
Vira poesia.
Mas o pra quê de palanque ?
O pra que de subir aqui e gritar de novo..
Como eu sempre fiz...
O pra quê de renovar e de chutar..
O pra quê majestoso e fiel.
Vamos fazer o seguinte:
[aspas] sem planos pro futuro [aspas]
[aspas] sem fazer o seguinte [aspas]
[aspas] [aspas]
Aspas sem o reticências...
Apenas aspas.
Eu grito pelo grito da memória
Eu grito pelo flash de prazer
A minha garganta é sua
A sua garganta e nossa
Façamos de hipocrisia um alicerce pra poesia
Porque assim eu sempre subo e sempre grito
Grito até o ódio explodir
Eu grito pra voltar da rotina..
Apenas pra voltar...
Porque eu sempre vou..
E vou...
E vou.
Façamos do Escuro uma chama de luz...
Façamos de Esparta uma espada de gloria...
Façamos do abuso pó desperdício
Façamos e façamos e façamos
Você lendo assim não entende
Mas quando eu falo você nota..
Porque os meus olhos fixam no seu vermelho
E assim vai...
Vai...
Vai...
Então deixa eu saturar e explodir
Ponto final. [fecha aspas]

[Tábatta Iori] 15.05

Um trago pras conseqüências.

Um cigarro? só um cigarro...
Pra vê se apaga essa asma dos ouvidos.
Apenas um único cigarro...
Pra vê se apaga esse seu simples silêncio.
Porque o seu “oi” ecoa como maravilha.
Porque a fumaça que você deturpa
Maravilha como ecoa.
Vamos dizer e não explicar nada
Vamos ao nada sem dizer.
Eu gosto ao modo ao qual me trata...
Mas agora já não sinto nada,
Nem os vértices
E nem mesmo a profunda hipotenusa.
Façamos das nossas fumaças uma só
Façamos de nossos cabelos, cinzas.
Façamos por fazer a melodia.
Cante para ver se cessa.
Mas ainda quero um cigarro...
Depois do banho entre almas de afago,
Depois do afago com travesseiros de plumagem.
Faça como sempre esperei.
Faça que nunca farei.
Agora me doe um maço todo
Porque depois de falar bobagem
A gente traga as circunstâncias.
(Tábatta Iori) 11.05

domingo, 10 de maio de 2009

Ao vivo(inspirado naquele show que encerrou minha noite).

Talvez tenha sido na lembrança
Daquele palco translúcido
Que nos tornamos ilegais,
Teu vermelho me tomou a sanidade
E aqueles cabelos só me deixaram
Talvez inexistente.
Case-se comigo!
Essas são as palavras que ecoam dos meus lábios
Mesmo quando estão estagnados
Assim como as rosas de cartola
Que não falam, sobre o que é de praxe
Somente exalam sobre o insolúvel
Você vai me destruir
Se não se deitar sobre meus lençóis
Me tornando amado como os dias
Que dominam tua historia
Absurdo, é te encontrar e não te ter
Sendo assim me rendo, liberto meus espectros
Do meu baú imperial, onde só a poeira governa
E entrego meu reinado, aquela
Que fugiu com a novela das oito
Sem se fazer de pirraça e nem de bichana
Simplesmente me deixou a deriva da solitude
Ainda bem, que deixou o rastro
Dos caminhos trilhados
E esqueceu comigo tua herança
Uma flor,
Que derramo sobre o peito afogado
Na esperança de te ter entre o sono que me invade
Não me deixe só,
Assista comigo o nascer do primeiro raio de sol
Aquela viagem, sobre o anoitecer que já se foi
Boa sorte, com a tua vida em meus dedos
Farei bons tratos da tua pele
Que me servira de lençol
Por um bom e indeterminado tempo.
Então me acode, me tire do cinza
Não faça da frase,
Um dia, um adeus
Faça de mim teu porto inseguro
E divida as horas junto ao meu peito
Que idolatra ter te encontrado
No vértice dos dias.

Guilherme Radonni

As três Rainhas...

Sim, vim de um só ventre,
Mas fui criado por três
Um, me deu o sopro da vida e a luz dos olhos
Outro, me deu disciplina, força e moral
E o ultimo, me deu apoio, refugio e contemplação
Admiro as três, sem distinção
Mulheres fortes e indestrutíveis,
Que fazem de si, fortaleza de lares destruídos
Constroem a vida, sem pensar no sepulcro
E mesmo as enfermidade, não bastam para derrubar
Essas mulheres,
Que se fazem flores nos meus dias
Mesmo as com espinhos, tem o perfume digno
De uma rosa vermelha
Que não desbota sobre a chuva dos empecilhos
Mas nenhuma me falta
Fui parido das três, mas aquela que me emprestou o ventre
Ainda me carrega nele
E não só a mim, carrega no vértice da vida meus irmãos de leite
Talvez por isso se sinta tão cansada
A vida dos outros, pesa
Mas teu extinto materno, não abre mão de compartilhar os dias
Louvo os calos das mãos delas
Que suaram, para se fazerem mães
E idolatro cada lagrima que inundam os olhos
Pois a pureza das pupilas
Não escondem o amor que nelas existem
Maciel, és o nome que as estampam, as fazem temperamentais
E as vezes difíceis, mais o que seria do fácil sem vocês
Que mostram as garras para defender quem tem o mesmo sangue
Nem mesmo uma leoa tem a fúria para defender o filhote
Quanto a força que vocês tem para guardar nossa paz
E se um dia precisarem
Trocaria as minhas asas, por suas muletas gastas
Pois elas, me ensinaram a andar
Me mostraram os caminhos por onde devo trilhar
E abriram me os olhos para a vida que me aguarda
Não tenho, dinheiro nem presentes para lhes oferecer
Mas tenho, o sentimento dos meus versos,
Que não são perecíveis, como qualquer bem material
Eles vem do peito, e da verdade dos meus olhos
E vão para os ouvidos das pessoas que amo
Ai vai meu grito!
Amo-te, as três
Adoro-te incondicionalmente
Talvez por falta de tempo, não as digo
Mas palavras se diluem com o tempo
Portanto guardem meus versos em algum lugar no peito
Pois no meu, vocês já estão
E junto irão, até o fim das minhas horas.
De um louco para três rainhas.

Guilherme Radonni.

Á minha ânsia.

Agora chega, não agüento mais lamentar
Sobre o culminante que se propaga
Se alastra sem permissão, ou contrato
Assine, a minha sentença ou então me liberte
Não me faça igual ao teu vulgo
Onde o conformismo exala pelas narinas
E os sorrisos de Gioconda estampam os lábios assonantes
Minha rubrica, não vale mais a cor dos dias
E o teu eufemismo não conforta as cicatrizes ganhas
Mas ainda sim, uso da tua antítese
Pois os jovens mumificados
Tem no latim mudo
O léxico deplorável das desculpas impensáveis
Portanto, quebre o contrato
Não concordo com esse mausoléu
Feito de falsas ideologias
A minha analogia, indica um auto
Mas quem sou pra julgar o que já está condenado
Só faço meus versos,
E assim cesso, a canseira que me cansa
Mesmo que a dissonância dos meus gritos
Ecoem o silencio do teu tormento
Continuo a escrever
Pois a minha prosa me faz eterno
Me faz gigante, me faz formiga
Me torna atômico e insolúvel.
Suas enzimas, já não lhe servem
Pois até as fibras, não reagem no teu estomago
Trifosfato, lhe falta, talvez daí seu conformismo
Mesmo os que vivem da asfixia dos peixes e degola do animais
Tem carência de vida, já que vivem do que é sepulcro
Os alferes, ditam sobre o que é fraco
Portanto se faça forte e indestrutível
Pois 1964, não deve ser cenário nos dias cinzas
Onde a demografia, não tem proporções reais
Imorais, são as nossas manias
Que estudam o vazio e exploram a extinção dos dia
A polissemia da tua face me enoja
Não te faz concreto, e nem pouco confiável
Mais mesmo que a conotação das minhas linhas
Te deixe confuso
Consulte ele,
O dicionário,
Talvez lá, haja mais explicações do que aqui,
Não me preocupo em deixar claro
Afinal, o escuro conforta os olhos.

Guilherme Radonni

sábado, 9 de maio de 2009

Abuse agora do disfarce.

Tudo é um modo de disfarce
Porque eu realmente não quero ver sua alma.
Não esqueça...
Antes de sair da rua,
De colocar a sua mascara diária dos anos,
Aquela com um olho só.
Aquela de nariz achatado prata.
Aquela que você faz questão de pôr em mim sem permissão.
Junta o fato do abuso com o fato do disfarce.
Mas disfarce bem antes de abusar,
Pinte-se bem antes de decolar
Porque se alguém desconfiar
Ai terá que doar sua cultura nominal.
Só repare em um alicerce desse nosso jogo...
Onde não há correntes de fronteiras verticais
Onde não há assédio de prefeitos sem cabelos.
O jeito é se furar.
Furar o rombo que há na burocracia
Furar a falha que eles sempre deixam aos velhos.
Talvez os jovens devessem ser nós
Talvez devêssemos garantir este papel,
Mas já que não há adultos frágeis e incompletos
Façamos poemas pela metade então...
Alias disfarçar em poema já é abusar do leitor.
(Tábatta Iori) 10.05

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Depois daquela tarde...

È isso, me sinto dominado
Por aquilo que não consigo explicar
Essa ânsia que me deixa eufórico
E me faz acordar todas as manhas
Com teu gosto nos lábios
E o verde daquele parque entre os dedos
Nossas prosas trocadas me fazem poesia
Te traduzo em meus versos
Enquanto ouço a trilha que nos embalou
Naquela tarde verde
Onde as arvores cantavam sobre o nosso devaneio
Em chamas, encontro nossos olhos
Que se derretem de desejo e saudade
Colho as cinzas daquilo que ainda não foi carbonizado
E peço aos céus que eu possa dividir minhas horas
Com alguém como tu
Que sejas tu
Meu gigante, meu alicerce meu passar dos dias
No silencio, me equalizo ao teu Eufonium cor de carmim
Que me faz serenizado, enquanto tu
Só observa, meu corpo a se desfazer nos movimentos retilíneos
De uma dança que me possui, e me faz insolúvel
Trocamos cenas, daquela tela que admiramos
Enquanto eu, observo as faces vulneráveis ao sentimento.
Façamos um filme!
Onde aquela tarde seja eterna
E nossos lábios despedaçados
Um ao outro pertenceremos
Há tempos não sentia isso
Mas não saboto meu peito eufórico
Deixo desenrolar aquilo que me faz pleno
Quero ter-te,
E quero falar-te, pois nada condiz melhor
Do que a prosa de lábios recém conhecidos.
Ele, veio do sul
Eu, vim daqui
Ele, quer ir para o azul de uma praia paradisíaca
Eu, quero ir para o azul de uma varanda na Lua
Talvez haja praias no território vasto da Lua
Ou talvez haja uma sacada naquela praia
Que de frente a face da lua
Ou talvez não haja nada, pois já me sinto bem assim.
As manhas são memoráveis e quase intermináveis
As horas estampam teu rosto e tua lembrança
Mas o almoço nos separa, nos deixando somente na memória
Um domingo qualquer nos veremos de novo
E tornaremos concretos nossas prosas trocadas.
Quero sentir o mais puro gosto da saliva que me afoga
E quero ter-te por entre os braços
Para lacear o que não te é compatível
Deixe-me fazer minutos nas tuas horas
Deitar no verde ao teu lado
E acordar no carmim dos teu lábios
Sentir que é isso que me faltava
E tornar movediço
O que não me falta
Você, alimenta minha insônia e me faz vampiro
Que almeja te contaminar de paixão e devaneios.
Portanto não se vá, antes de fazer do teu conto o nosso.

Guilherme Radonni

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Resposta a minha amada.

Concordo com a prosa a baixo
Concordo com a minha metade cor de tabaco
Que és um absurdo fazer poesia todo o dia
Pra cansar esse vazio que grita
Pra cessar a dor que nos atormenta
Pra filtrar a ulcera de nossos estômagos
E mesmo assim continuamos
Um verso por segundo
Um amor por minuto
Mas nada preenche para sempre nossas horas,
Que se difundem em miseráveis lacunas
Isso não deveria ser existente
Em nossos dias, às vezes cinzentos
Às vezes vermelhos de mais
Mas nunca suficientes
E desculpe minha amada
Nem se fumássemos todos os cigarros do mundo
Essa ânsia desapareceria
Pois a fumaça das lontras, são de poeira
E nos deixariam, assim que o vento
Tocasse sua valsa leviana
Talvez seja isso,
Precisamos de mais valsas
Mas não para nos satisfazer
Somente para deteorizar os calos
E talvez causar uma hemorragia terminal
Que nos levaria para o que é sepulcro
E enterraria nossa matéria feita de carbono.
Minha amada, não lamente escrever por ninguém
Lembra-se
Nossos versos são para os ouvidos tapados
Lembra-se que nossos dezessete anos
Foram longos e intermináveis
Acredito que serão eternos
Pois nossa loucura não cessara em doze meses
Foi aos dezessete que abrimos os olhos
Antes estivessem fechados
A cegueira da alma produz,
Felicidade artificial
E artificial, é um dos únicos adjetivos
Que não nos pertence.
Portanto abuse,
E a Moraes, Drummond e Assis,
Nossas desculpas.
Pois continuaremos a escrever
Um verso por minuto.

Guilherme Radonni.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A arte do falar nada.

Já é uma abuso,
Ter de fazer poesia todo dia
Pra cessar essa canseira.
É abusado te dar assim de bandeja
Pra loirinha da minha vida.
É abusante ver seus recados
E ficar angustiada.
É um abuso não deixar rolar
E ver que vc faz isso por mim.
É um abuso abusar do proibido.
É um abuso querer não me amar assim.
É um abuso eu suportar explorar longe de mim.
É um abuso do mais improvável
Ver teus lábios em outro alguém
É um abuso, ver que eu já cansei.
Mas sabe o que é mais abuso?
Eu escrever assim por ninguém.
É um abuso a poesia
É um abuso a Moraes.
Me perdoe por abusar assim das letras e fonemas.
Mas é um abuso:
O fruto do proibido
Da rima escondida.
Esconda o abuso entre as axilas.
O efeito de abuso pro abalo de abusar.
Eu abuso e tu abusas
No abusar do falar nada.
Abuse e faça acontecer
Não abuse só porque eu abuso
Porque a ressaca disso tudo, meu amigo
É um abuso após o outro.
(Tábatta Iori) 06.05

Quando a loucura chegar.

(na visão do eu quando velhos enlouquecidos)

Lembra?
Da nossa casa com paredes pichadas.
Lembra?
Do nosso fusca com cores desnudas.
Lembra?
Das nossas mãos dadas em dia de chuva.
Lembra?
Da nossa faculdade de lazer.
Lembra?
Do nosso mural de vergonhas.
Lembra?
Das amizades com amores de um minuto.
Lembra?
Dos nossos dezessete anos.
Lembra?
Do nosso passado sem futuros.
Lembra?
De tudo que a gente já viveu.
Hoje. Entre paredes brancas azuis,
Entre loucuras desnudas de portas,
Entre camisas estranhas de aperto.
Hoje. Com sua e a minha experiência.
Hoje. Com a minha e a sua rapidez.
Ontem. Com a nossa florescência.
Eu lembro de cada beijo dado
Eu lembro de cada beija-flor.
Paramos de parar de idolatrar,
Paramos pra cessar essa demência.
Não me arrependo de nada,
Nem de enlouquecermos.
Eu te amo mesmo assim Maciel.
Eu te quero sempre aqui meu novo eu
Loucos ou não...
No futuro distante de velhice,
No passado presente dos dezessete.
(Tábatta Iori) 06.05

De um louco para outro

Sim, este verso é pra ti
Meu estandarte, meu alicerce,
Meu porto inseguro
Nossa loucura nos deixa vivos
A loucura deles quase nos mata
Mas não nos rendemos facilmente
Gritamos aos bueiros sujos e impetuosos
Ai vai meu grito e o teu grito
Que ecoaram, naquele velho e assombrado
Manicômio de segunda
O cenário do nosso casamento
Onde os padrinhos serão sempre
Os malucos hipocondríacos
Que necessitam de camisa de força
E sim, isso nos bastará
Porque teremos um ao outro
Lembre-se do nosso plano de fuga
Estampado de verde e pintado de vermelho
Fotografado por pupilas quase virgens
Inspiradas por um céu limpo de rotina escassa
Vamos, leve os joelhos e a coragem
Pois nada condiz melhor
Com os nossos memoráveis dezessete anos
Os joelhos, pra cair e a coragem, pra levantar
Assim seguimos nessa estrada de acerolas
Que penetram os palcos, onde só os devaneios
Responde por nós.
Meus lábios não esquecem os teus
Aquele gosto de noite, gosto de irmãos
Gosto de reis de um leão
Que se embebedam do nosso leite
E se embriagam da nossa insanidade
Sobre aqueles lençóis paternos
Que só nos aproximaram como um, ou como vários
Pois nosso amor é alem do físico
È alem da vida e além da nossa loucura
Me deixe se perder na ponta dos teus cabelos
Que se lamentam por estarem sóbrios
Cabelos de tabaco.
Batatas, se esparramam
Enquanto nós nos deitamos
Nossa nomenclatura não é compatível
Nossa básica estrutura não é divisível
Mas nós sim,
Somos insolúveis e incompatíveis
Pelo menos ao resto do mundo
Mas fique sempre ao meu lado
Pois de nada me vale o ar
Se não o posso dividi-lo com os pulmões infames
De alguém como tu
Que sejas tu
E que não deixes tua melancolia corroer-te as entranhas
Mas se assim fizer
Juntarei tua poeira e beijarei-te a face.
Te amo mais do que a mim mesmo
Pois você já sou eu
Enquanto eu sou seu mero concumbino
Admiro teus olhos que choram pela miséria que não nos pertence
E louvo teus pés, que mostram na curva dos dedos
O sentido de estarem sólidos
Meu versos são para ti
Essa minha metade que conforta os olhos gastos
Tábatta, és o nome que gravarei em minha lápide.
Quando tudo isso não passar de uma recordação
Em alguma sacada no chão vasto da lua.

De um louco para outro.

Guilherme Radonni

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Apenas nunca mais durma.

(para a minha abstinência de proibir)

Acorde em uma dia veja que esta tudo em branco
Acorde em um dia e veja que nada valeu a pena
Acorde em um dia e nunca mais durma.
Durma numa noite lembrando que ninguém mais gosta
Durma numa noite pensando em quem você gosta
Durma em um noite e nunca mais durma.
Apenas acorde com a lembrança de que fez o bem
Apenas acorde com a angústia de estar em grupo
Apenas acorde sem se arrepender de nada
Apenas acorde com humor de deuses
Apenas acorde e ame tudo que gosta de amar
Apenas acorde.
Porque aquele sentimento que eu tenho por você é purificador,
Porque quando vc vê alguém com alguém é acordar sem nada nos pés.
Apenas aceite o fato de perder...
Apenas aceite o eu com você
Apenas aprenda a amar quem te ama
Apenas se aceite ao acordar.
Apenas satisfaça o que sempre te satisfez.
Apenas faça o apenas ser talvez.
Acorde e lembre do leite derramado
Acorde e lembre do sentimento não posto
Acorde e tenha paciência
Acorde e se dê conta que a vida começou
E não deixe nada passar em branco.
Só tente,
Fazer metade do declarado
Fazer metade do sentido
Metade da metade de aptidão.
Eu não tenho mais paciência de perder por mulher
Eu não tenho mais paciência de esperar o inalcançável
O inalcaçavel revelado se torna fácil
Se torna limpo
Se torne concreto.
Então acorde pensando com os dedos
Durma lavando as mãos
Mas acorde.
Pois você pode nunca mais dormir.
(Tábatta Iori) 04.05

Era pra ser poético

Era pra ser poético
Toda aquela historia de ter 17 anos
De ser herói ou ao menos revolucionário
Invés disso somos apenas loucos rebeldes
Que buscam alguma estrada que nos leve ao litoral
Era pra ser poético
Toda aquele conto de fadas
Em que o amor entra pela sacada
Te beija os lábios e os tornam felizes para sempre
Invés disso somos solitários
E os amores momentâneos
Só duram na memória gasta
Também era pra ser poético
Aquela prosa que dizia
“Viva a sociedade alternativa”
Mas invés disso levaram o Raul
E só sobramos nós seus malucos beleza
Eu acho que era pra ser poético
Aquela fabula da tal menina que leva bolo pra vovozinha
E que o caçador mata o lobo-mau
E ao invés disso o canalha do Lobo-mau
Anda comendo as menininhas de calcinhas vermelhas
Sendo assim abandono à expectativa
E fico a penas com as minhas rimas
Que não são ausentes
Pelos menos nos meus versos
Mas torno ao menos os meus dias
Insolúveis, inconcretos
E sim
Poéticos.

Guilherme Radonni

Gratuito

De que seve meus versos
Se proferidos, se tornam
Mudos aos ouvidos tapados
Mesmo assim escrevo,
Pois minha prosa é combustível
A ser carburado pela minha ânsia
Que envenena minha rotina
E faz lúdica minhas horas quase que enfadonhas
Teu francês vagabundo me compra
Pois tenho pressa de visitar
O que meus olhos almejam
Me leve pra cá
Leve-me pra lá
Me deixe a deriva do acaso e do descaso
Quero ser moribundo
Que leva na mochila gasta
Um pedaço de poesia, valsas e amores de minutos
Sempre fui assim, nunca fui daquele jeito
Miserável, cego e quase surdo
Só quero o vento na pele
A inocência entre as pernas
E a saliva entrelaçada nos lábios
Saliva alheia, pois a minha me afoga.
Indesejável são todas as malditas bigornas
Que me prendem ao concreto
E impede meus pés de visitarem
O que é sonoro, inodoro e pouco calórico
Suje meus dedos, com tua vontade de estar vivo
Pois já manchei minhas calças com leite qualhado
Leite que minha irmã derramou nos lençóis
E tornou memorável uma noite
Cor de tabaco
A vácuo, estamos embalados
Mas mesmo assim escrevo
Queimo teus papeis e mastigo as suas cinzas
Cinzentas,
São as horas dos infortúnios
Que usam o relógio como senhor do tempo
Mas no palco, o tablado dilui meus minutos
E me faz talvez de pó
Pois de nada sou,
Perto daquilo que me torna grande e serenizado
Gigante, já disse que sou
Pigmeu, também sou
Pois somos aqueles que carregam na omoplata
As formigas insensatas e pouco memoráveis
Me faça bailar!
Sobre o teu acordeão de serenatas devassas
Quero teus rins, teu canino e tuas pupilas
Pois as minhas, já não me servem
Quero ver a vida cor de carmim
Sambar teu samba
E tangarolar sobre as calçadas da Av. Paulista
Ou melhor, da Via Láctea
Pois São Paulo também não me serve
Deito nos bueiros e me sento sobre a sarjeta
Faço divisível a tua miséria
Pois a alma pobre
Tem carência de vida.
Então vamos, comece a viver
Ou ao menos me deixe viver
Raspe a cabeça, tatue cicatrizes
Engula momentos e chore apenas pelos lírios
Partimos a seis
Se não estiver pronto
Leve apenas os joelhos
Pois eles sim, foram feitos para cair
E em seguida levantarem e caírem de novo
Mas nós nos lamentamos
Por qualquer arranhão que o asfalto nos dê
De presente
Me dou, de ausente, te dou
Se não receber grite,
Não omita o planejado
E louve apenas o que é louvável
E se o alarme tocar, corra
Ou finja que está a correr
Pois a chuva um dia leva
O que é seco e pouco limpo
Limpe, aquele lençol lamacento
Que deixou vestígios do que não se veste
Um casaco, uma calça e um mostruário
Só te transformam no mais novo monstruário
A ser exposto no jantar de ação de graças
De graça, são meus versos
Mas de que adianta
Se são proferidos aos ouvidos tapados.
Mas mesmo assim ainda os escrevo.

Guilherme Radonni.

Extermínio

Não te procuro mais
Não te vejo nas feridas equalizadas
E tua boca, não encontra mais minha saliva
Mas mesmo assim,
Me extermine
Me desfaça com a solitude do teu fuzil
Me carbure com a saliência de tuas sobras
E me derrame sobre o resto que sobrou dos dias
Pois o vermelho se fez escuro
E o sangue que ainda coagula
Já enferrujou o lábio e a mão direita
Então me extermine
Não me deixe a deriva
Desse desespero efêmero
Que corroí minha horas
Que destrói meus versos
E me faz de poeira degradável
Salive sobre minha pele escassa
Que lacrimeja a ânsia do meu estomago
Vitima da tua ulcera
Que me carrega.
Me leva ao teu encontro
Nas noites estampadas com teus beijos já cálidos
Me deito em tua lapide, abraço teu tumulo
Me faço sepulcro e amo teu cadáver
Foi isso que restou dos meus dias sem teu cheiro
Mais uma vez, me extermine
Tenho o coração seco, e os olhos encharcados
Tenho calos nos dedos e nenhum trabalho
Tenho amor no peito e ninguém pra dá-lo
E agora já não tenho mais tua presença
Me resta a ausência
Ausência dos próprios joelhos
Um feriado prolongado de mim mesmo
Sem tuas manchas pra escorrer
Sobre minha serenidade
Lave!
Minhas enfermidades
Meus vícios
Meus ilícitos
E lave a marca que tuas mãos
Deixaram em meus lençóis
E depois disso
Me extermine.

Guilherme Radonni.

Virados na Virada.

Vire.
Na cultura do seu país
Tinha até divinos lá.
Lá, tinha até o que eu não via a tempos.
Foi mágico mesmo,
Todo mundo fez o que jamais imaginava fazer.
Paramos no trânsito
Demos as mãos
Conhecemos línguas.
Fiquei com falta dela.
Fiquei com desejo dele.
E aí era pro show continuar...
Rolou orgasmos até amanhã de tarde.
Era pra ele ir pra casa...
Ele foi pra outros lares,
Quando era hora de parar
Elas insistiam
Eu ando preocupada demais para me preocupar.
Eu só tenho pressa
De cessar a minha rotina
E voltar a virar pro lugar certo
Porque que fosse isso todos os dias
Não tinha mais graça
Eu não agüentaria.
Vimos os reggaes amanhecer
Vimos às lágrimas madrugar
Vimos o café em Cordel
Vimos o almoço por Baleiro
Vimos o término de um romance
Vimos o começo de outros
Vimos e revimos
Viro e reviro.
Perdidos em mijos de São Paulo
Achados na cultura de eixos por pessoas voando.
E assim....
Tudo vira poético.
E assim...
Não sei mais fazer poesia.
(Tábatta Iori) 03.05.09

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Me vire

Preencha me em decapito
Faça me retornável e insensato
Supra minha melancolia frigida
E assombre minha solitude embrionária
Entre, sente, mas não fale
Se cale.
Palavras profanas são mumificadas
Nos gritos alheios
Deturpe os caminhos
Deteorizados no vértice das pernas
Torneadas de juventude
Juventude que planeja seu plano de fuga
E isso não te inclui, pois você não nos pertence
Pertencemos uns aos outros
Olhos indagados de vermelho
Cigarros, conhaque, e tardes verdes
Nossa insanidade nos torna lúcidos
Lúcidos de mais pra saber que a Lua é o nosso destino
Território quase virgem
Menstruamos nos dedos da sociedade interativa
Alternativa?
Já é trash, é clichê , e é comum
Incomum, são os nossos fios de cabelo
Despenteados e desdenhados
Que levam nas pontas a magoa de estarem sóbrios
Nos levem a virada
A virada de lábios, palcos e devaneios
24 horas sem dormir, não preenche nossos vazios
Precisamos abrir os olhos durante 24 anos
E ai sim seriamos velhos de mais
Pra lacrimejar sobre tudo o que é
De praxe e insolúvel
Portanto nos mate
Nos mate agora,
Pois morreríamos jovens e eternizados.

G.

Itinerário

Sim,
Ascenda aquela impassível luz vermelha
Pinte as paredes retilíneas de carmim
E faça me escorrer sobre o odor do escarlate
De rostos quase que memoráveis
Aperte me os parafusos
Degole minha ânsia
E me queime junto ao carvão hidropônico
Mas não me abandone as margens intragáveis
De espectros ambulantes
Meliantes!
Traficam o seu próprio pão
E comem da fome dos bueiros mal cheirosos
Roubando inocência e
Abortando fetos despidos
Coagidos, em úteros inférteis
Estéreis, são os alienados
Que habitam a grande e estúpida
Laranja inmecanica

G.& N.