domingo, 7 de junho de 2009

Valsa aos olhos cansados

( Á espera dos frenesis)

Sem inspiração me vi
Sem palavras na ponta dos dedos
E a ponta do lápis sem ponta
No branco do papel, somente o pálido
Não tive vontade de pintá-lo
Nem de preenchê-lo
Mesmo assim insisti em continuar
Tentei simular o sexo, a dor, e até amor
Mas foi em vão
Todos estes foram apagados e transferíveis
Facilmente substituídos
Pela desfumaça dos cigarros
Que ascendiam e apagavam
Sem voz de comando, nem precaução
Tédio, tediante, tedioso
Me resgate do cinza que traga as horas
Minhas sapatilhas estão gastas
Por isso não posso dançar
E mesmo se pudesse
Não faria
Meus joelhos ausentes
Falham a qualquer tentativa de adágio
E pior insuficiência
Não há.
Resta-me então cantarolar as valsas
Ó descuido, ó descaso
Esqueço-me que a garganta
Não tem força se quer para escarrar
Quanto mais pra fazer serenatas
Ao desgaste dos moveis
Empoeirados
Me estão os olhos
E não é por falta de vaidade
És o peso da velharia me tombando os ombros

Guilherme Radonni

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