Interditada estava a ponta dos lápis
E em partes a inspiração das horas
Mas a maldita clemência
Me trouxe de novo a folha branca
E os versos de desespero
Que pede socorro a qualquer coisa
Que cale o tormento
Um beijo que afogue
Um mão forte que enforque
Ou um gole que me degole
Mas isso nunca vem
Por mais que eu peça o termino das horas
Mais me invadem as reticências dos dias
Por obsequio, extermine o oxigênio
Dos pulmões degradados
Para que asma acabe
E junto com ela eu me vá
Aquela que me brilha o branco dos olhos
Me convida a um território sem gravidade
Enquanto Marte me aguarda para o chá da tarde
Suplico, me leve pra lá
Me tire desse azul que não vale nada
Hídrico em vão, salgado e amaldiçoado
Pois ele assina nossa guerra por H2O
Matando a sede dos homens
E secando a sede da alma
Vamos! O ultimo trem pra fora daqui
Parti em duas horas
Faço questão de levar os versos
O tabaco, a pequena coisas loira
E aquela morena louca
Pois estas, tem úteros
A menstruação e a lactação
Como dizia Caetano
Não, não tenho inveja da maternidade
Mas preciso das três mulheres que me valem os dias
Talvez seja o estrogênio ou quem sabe uma parte do peito
De qualquer jeito
As levo na curvatura das costas
E lhes dedico estas linhas que suprem o meu tormento
Sim, não afirmo nada
Pois os cabelos delas, sabem todas as minhas falas
E a vocês deixo apenas a pontuação
Ou melhor a interrogação
?
Guilherme Radonni
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