domingo, 7 de junho de 2009

Valsa aos olhos cansados

(frenesis á insônia da carne)

Tenho sono, mas não durmo
A insônia é única companheira
E não irei de abandoná-la
Talvez seja de vossa autoria
Os subterfúgios que me tomam doses de euforia
Deletérios febris que os vinis trazem a agulha
Da vitrola,da sala quadrada,
Aos meus olhos redundantes
A cada intervalo que me dá as mariposas
Bailo junto á insônia
A valsa noturna que canta á nossa carne
O desapego dos apegados
Olho no estreito visor do relógio de cabeceira
E avisto, o vestido do amanhecer
Os ponteiros marcam cinco e meia
È hora de aposentar a vitrola e os olhos
Os discos cansados arranham a cantoria
E os joelhos enferrujado pedem clemência
Mas ainda sim insisto
Permaneço eufórico e me apaixono por ela
Que me acompanhou no madrugar das horas
Deite-se comigo
Permaneça tatuada nos riscos dos meus olhos
Vamos nos saciar um do outro
Eu te penetro enquanto você me corrompe
Fertilizados ao despertar das rajadas de sol
Perdidos nos lençóis sujos de magoa
Desgarrados estamos
Eu lhe afago a nuca, beijo tua face
E deslizo a textura da minha língua sobre a pele ilusória dela
Sim, fecundei a insônia,
Me deitei sobre ela
E abortei nosso desejo de dormir
Expulsei meu esperma, ao púbis alheio
E nas cavidades daquela que não me deixou descansar os olhos
Me fiz presente e eternizado
Depois de tantos devaneios
Os olhos pesaram
A carne ofegou, e ela adormeceu em meus braços
O invadir do sono
Dominou as paredes manchadas de nostalgia
E sonífero se fez o ar
Os travesseiros se tornaram convidativos
Enquanto os lençóis se enroscaram em meus pés
E depois de dias de persistência
Adormeci, como quem nunca dormiu na vida
Me senti serenizado já que ela permanecia em meus braços
Mas quando acordei, e o fardo dos olhos
Já era mera insignificância
Percebi desesperado
Que ela não estava sobre os músculos magros dos meus braços
Minha insônia me abandonastes
Me deixou pegar no sono e fez de pó todo o cansaço
Agora estou sem norte
Parte dela está em mim
E ela levou meu leite em seu ventre
Tal tormento me perturbou a carne
E depois de dias a sua ausência
Não me deixa fechar os olhos
Agora estou dias acordado
Esperando em vigília
A insônia que me levou a sanidade.

Guilherme Radonni.

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