Sumiu.
Fazem exatamente vinte dias.
- Alô? É da polícia ?
Choros e velas.
Mas ele avisou,
Disse que não há como adaptar-se a uma morte,
Mas quando se trata de um escolha
Temos de aceitar.
Se ele quisesse virar mendigo...
- É alto, cabelos grisalhos, moreno de sol, trabalhador meu senhor.
Teríamos de nos libertar dele.
- O senhor esta entendendo? É pai de dois filhos porra !
Foi como se um tapete de maça empurrasse ele abaixo.
Acho que a depressão vai matar a humanidade.
Não há mais como ser feliz.
Não há mais como sobreviver à realidade.
Ele simplesmente fugiu.
Talvez não poderemos considerar uma fuga,
Dias antes ele deu um aviso para a menina:
- Eu já fiz tanta loucura, que eu acho que é isso ainda que me deixa lúcido. Eu já subi no relógio. No tempo. Sabe o que é isso? Então vai viver menina, liberte-se.
E o relógio batia zero hora.
E a menina como sempre, não entendeu o outro lado do sermão.
Ainda mais:
- Filha, você tem que se libertar dela. Ela era tão linda né ? Mas deixa ela ir, foi uma escolha dela filha, uma escolha. É a mesma coisa se eu quisesse ir pra rua agora e virar um mendigo, vocês teriam de se acostumar.
Depois disso
Uma lágrima a dois.
E agora, várias lágrimas a três.
Se virar mendigo sanasse o sofrimento,
Então vá.
Se o retorno do homem velho fizesse como escritas.
Mas aqui é só um poema,
Ele ainda não foi pras ruas,
Mas esta perdido em si a anos.
- Alô? É do Achados e Perdidos ?
Para Leonel Marcos Thiago. O meu mundo respira você, velho.