E sempre novamente
Como se a repetição
Definisse o cotidiano
Talvez de fato seja
Só não consigo crer pacificamente nisso
Nessa configuração
Que nos encaixa como engrenagens
Em uma grande maquina de vidro
E o cheiro dessa maquina se mistura com a nossa cor
E a cor dela se esconde no nosso cheiro
Nos faz executar o mesmo movimento
Do mesmo ângulo, no mesmo sentido,
Com a mesma força.
Descobri algo, enquanto olhava para uma formiga
Devorando uma barata anti bomba atômica,
O HOMEM ALIMENTA A HORA
Com suor e lagrimas
Com dor e riso
Deveríamos matar os relógios,
Comer os ponteiros, e engolir as horas
Mas nem matança nem canibalismo algum
Encerra o tempo
Só inseto esmagado no chão
Ou grudado na sola do sapato
Ou na beira do mundo
Naquela beira que não tem nada
A não ser o outro lado
Como uma fronteira.
O que difere o meu cotidiano do teu?
Podia dizer que são as pessoas, ou a graça que vejo ou deixo de ver
Ou ainda nas tarefas que nos são impostas
Mas não, a única coisa que difere a nossa real rotina
È a rotação do tempo
Como se dentro dele, houvesse uma subdivisão
E no vácuo dessa separação, estamos nós.
Pequenos operários de um formigueiro
Devorando baratas anti bomba atômica.
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