[do meu jovem pássaro]
Já não sei o que pensar.
Tenho ânsia do viver,
Mas me puxam para baixo,
Para ir mais lento...
Meus dias passam como gaivotas,
Na velocidade de um vôo alto
Onde se vê tudo pequeno.
Tão pequeno,
Que é preciso forças as vistas para tentar ver o jardim inteiro.
Queria eu ter olhos maiores.
Já cheguei a acreditar que me vendaram e fizeram apenas furos para as pupilas.
Mas me disseram que era clichê.
E me fizeram acreditar nisso.
Por enquanto ainda tenho asas.
Porque a minha voz,
Eu nunca ouvi.
E o cheiro...
É sempre o mesmo,
Tão insuportável
Que já não sinto mais nada.
Não sei a diferença do doce e do amargo.
Só sei que tudo é menor a meu ver.
Deveria sentir-me a dona do mundo por ser tão grande,
Mas é ao contrário,
Sinto inveja de todos serem iguais.
Sinto tanta falta de alguém como eu.
- Imagine alguém voar comigo?
E sentir comigo, como o mundo fede.
Vai ver lá embaixo tudo não seja tão ruim.
Será que alguém me enxerga?
Não devo ser tão grande para eles.
Pois se eles olham de baixo para cima...
- será que eles acham que somos do mesmo tamanho?
Não!
Ei, ei...
Não somos iguais...
Ouviram?
Não somos...
Só eco.
Silêncio.
Porque tenho sempre a necessidade de dizer que sou diferente,
Se queria tanto estar com eles.
Tábatta Iori
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