Eu estava lá
Ao mesmo tempo em que estava aqui
Eu era parte de um todo e era tudo
Como uma dança improvisada
E no lugar dos pés, sensores
E no lugar das mãos, antenas
Tudo como uma conexão
Percepção de falsa realidade
No rosto sentia o vento
Furando a pele, escorrendo como água
Vazei sobre o asfalto
O que perdi ainda esta lá
O que ganhei já foi perdido
Nada é de concreto.
Digo isso porque o chão
Se movia como se fosse uma linha de som
Uma trilha branca
Regendo um cenário de vários planos num só
Mas só eu enxergava isso
O resto, o grande público
Insistia em ficar lá. Imóvel
Intacta retina, disfunção ocular
A reverberação disso
É a cegueira.
É não crer em mais nada que a tal verdade
É ter esse limite que te anula
Ser, não é estar, é sentir
É perceber todas as minúsculas observações
Que completam lacunas dentro de si
E quando não exercemos essas pequenas funções
Estamos simplesmente desaparecendo
Como um grito que se desfaz sobre o ar
Sem volume, sem peso, sem catatonia.
A grande guerra, não é enfrentar o mundo
É ter essa batalha dentro de si
Essa catástrofe que atropela tudo
E só deixa o caos.
Mesmo assim, prefiro estar em guerra
Pois já não há paz dentro mim
Só tenho essa vontade de transcender
Para um sossego, que esta além desta realidade
Feche os olhos, e encontre a tua paz
E a tua guerra.
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