Foi feito. E sobre isso nada mais posso fazer
Incorrigível maneira de olhar as cores
Ontem multicolorido, policromia nostálgica
Hoje cinza manchado com sangue.
Não posso exercer todas as pequenas funções
Que estão dentro mim
Pois apenas estão, e estar é diferente de ser
Mas ainda sim, sou qualquer coisa torta
Que achava ter encontrado
A tão sonhada sincronia
Mas isso não se dá entre humanos
Achei apenas um outro pedaço do fim do mundo
E pensei que este pedaço era igual a mim
Mas nada é igual á alguém
E quando percebi isso
Já era tarde, as horas já haviam me esgotado
E agora? Não posso voltar, não posso partir
Apenas me resta o resto do tempo
E este outro pedaço que achava ser uma parte externa de mim
Mas era apenas meu reflexo dentro dos olhos de alguém
Sinto saudades do meu eu antes disso
Da minha singularidade
Que eu inutilmente tornei plural
Dividi com fêmeas que não sabem o que é ser o homem
E agora uma esta morta
A outra já nem reconheço
E a ultima esta muito longe pra servir de porto.
Me afoguei no oceano que eu mesmo criei
Estou naufragado em uma ilha deserta
Uma ilha de mim mesmo
E os únicos barcos que confiei
Me deixaram sozinho ante do final.
Como diz uma voz branca
“O de joelhos fortes, é forte e poderoso de mais para querer dividir”.
Mas só se pode dividir quando se há o que dividir
E no meu caso só tenho joelhos não é?
E seu eu dividir os meus joelhos
Não tenho como sair desta ilha
Pelo menos não nadando
E se já não tenho barcos, nem porto
O que me resta é o mar
E sinto muito, não vou dividir mais o oceano
Pois da ultima vez que fiz isso
Vim parar aqui, nessa ilha abandonada
Chamada “Eu”.
Guilherme Radonni
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