domingo, 19 de setembro de 2010

Uma brisa CONCRETA.

Um vento bateu.

Estava eu molhando as mãos em sabão,

para arrumar a bagunça da noite anterior.

Ouvi alguém chorar,

era uma voz doce, mas desesperada.

Não respondi.

Observei e,

ouvi de novo.

Olhei ao meu redor e todos estavam rindo.

Havia algo se acabando em lágrimas,

mas não estava ali.

Não agora.

Respirei.

E voltei ao meu fazer.

Não me senti mais bem depois daquilo.

Eu sentia uma dor que não era minha,

estava com a certeza que algo estava para acontecer.

Comigo. E com todos que estavam na casa de mato.

Uma casa linda,

de madeira com portas grandes e fotografias que mudam de cor,

A cada olhar.

Mesmo que seja do mesmo ângulo,

A imagem que você pausa, muda.

Passamos a tarde toda ali,

Deitados em colchões que dava a vista para o horizonte de árvores.

Uma energia tão solitária.

Estávamos tão longe de tudo,

Do concreto,

O que podia nos acontecer?

Dormi.

Quando acordei já era noite,

Todos se arrumavam para ir a mais uma festa em uma cidade antiga,

Com igrejas monumentais, postes com luzes de outro século,

E aquela rua que te faz pular com o automóvel.

Vivemos mais um resto de noite ali,

Com o céu nublado,

Com cigarros, bebidas e um som que fazia a sua alma saltar.

Do outro lado,

No concreto,

Alguém pegava fogo.

Era essa a minha dor,

De queimação no peito,

Eu apenas sentia como era,

O menino grande do concreto vivia aquilo.

Em um outro evento,

Em uma cidade não histórica mas ultrapassada,

Acontecia algo que para aquele garoto,

Fazia sua alma saltar.

Ele queria que eu estivesse lá,

Mas algo me fez fugir.

Junto a um som de tambores,

Com cores amarelas e vermelhas,

Com flores em tecidos,

O do concreto,

Com apenas duas talas de malabares

Com cores amarelas e vermelhas, mas quente,

Pegou fogo.

A sua maior alegria,

O contagiou por inteiro,

De uma forma não convencional

E nada bonita.

Queimou-se.

E eu?

Agora sinto uma outra coisa,

Deve ser o pós-queimadura,

Eu não sei.

Eu só sinto.

Se as coisas tem de ser do modo que o destino quer,

Eu estou fora.

Não darei a minha cara para judiar.

Existem pessoas,

Que não merecem o que o senhor destino dá.

Lamentos, muitas vezes,

Por sentir pelos outros.

Tábatta Iori para um grande, grande irmão!

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