sábado, 11 de dezembro de 2010

Ensaio sobre a sargeta

Sumiu.

Fazem exatamente vinte dias.

- Alô? É da polícia ?

Choros e velas.

Mas ele avisou,

Disse que não há como adaptar-se a uma morte,

Mas quando se trata de um escolha

Temos de aceitar.

Se ele quisesse virar mendigo...

- É alto, cabelos grisalhos, moreno de sol, trabalhador meu senhor.

Teríamos de nos libertar dele.

- O senhor esta entendendo? É pai de dois filhos porra !

Foi como se um tapete de maça empurrasse ele abaixo.

Acho que a depressão vai matar a humanidade.

Não há mais como ser feliz.

Não há mais como sobreviver à realidade.

Ele simplesmente fugiu.

Talvez não poderemos considerar uma fuga,

Dias antes ele deu um aviso para a menina:

- Eu já fiz tanta loucura, que eu acho que é isso ainda que me deixa lúcido. Eu já subi no relógio. No tempo. Sabe o que é isso? Então vai viver menina, liberte-se.
E o relógio batia zero hora.

E a menina como sempre, não entendeu o outro lado do sermão.

Ainda mais:

- Filha, você tem que se libertar dela. Ela era tão linda né ? Mas deixa ela ir, foi uma escolha dela filha, uma escolha. É a mesma coisa se eu quisesse ir pra rua agora e virar um mendigo, vocês teriam de se acostumar.

Depois disso

Uma lágrima a dois.

E agora, várias lágrimas a três.

Se virar mendigo sanasse o sofrimento,

Então vá.

Se o retorno do homem velho fizesse como escritas.

Mas aqui é só um poema,

Ele ainda não foi pras ruas,

Mas esta perdido em si a anos.

- Alô? É do Achados e Perdidos ?

Para Leonel Marcos Thiago. O meu mundo respira você, velho.

Tábatta Iori Thiago

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