Por um tempo tudo que escrevi
Foi o silêncio refletindo no branco do papel
Minha ausência imaginária
Esquartejada aos pedaços de uma inspiração muda
Um poeta sem versos
Talvez a culpa seja da falta de cor
E escrever sobre o cinza só realça a falta de contraste
Que atropela minhas horas.
Escrever sobre o que?
Se tudo está gasto e com cheiro de pó
Envelheci antes do tempo
Meu prazo de validade se esgotou
E ainda não tenho vinte anos
Agora, cultivo a espera de não esperar mais nada
Refletida em um tudo sem perdão algum
Se ao menos soubesse o que dizer
Para calar todas essas vozes
Mas ainda não sei,
Talvez nunca soube
Apenas dizia para sanar o minuto seguinte
Mas o minuto seguinte nunca chega
E essa contaminação do passado
Embriaga meu presente
No entanto o tempo não para
Sou eu que estou parado na continuidade do mundo
Girando sem eixo de cabeça pra baixo.
Guilherme Radonni e Tábatta Iori.
Nenhum comentário:
Postar um comentário