Que vaze pelo vão do mundo
O líquido etéreo que fez da hora tédio
Que os degraus percam a direção
E não encaminhem para cima ou para baixo
Tudo sem eixo. Ao contrário
Sem ordem ou regra.
O problema destes versos
É que eles não compõem a uma profecia
Poesia sem cronologia, perdida no papel
Sem inspiração.
Já é vicio dos fracos
Vociferar o caos ao invés do belo
E eu não me excluo desta regra
Não sou eu a excessão
Sou apenas um corpo caído
Que lambe o chão e cheira o asfalto.
Dentro de mim, a dor suja dos moribundos
E a policromia dos que fogem
Em qualquer mancha de cor
Que disfarce o cinza do mundo.
Deito nos trilhos e suplico ao último vagão
Que me leve em seu itinerário imaginário
E enquanto espero
Permaneço ali
Vazio e estático.
Guilherme Radonni.
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