sexta-feira, 31 de julho de 2009
Necrose e outros restos...
A cada toque que meus dedos reconheciam tua pele gelada e inerte, meu corpo se excitava de tal tamanha idéia que não reconhecia meus atos, beijava-te o lábio que era sempre frio e cinzento, eu adorava aquele ar gelado que nos corrompia enquanto nos amávamos, sempre gozei do frio, talvez a culpa seja tua, que tinha a carne sempre sem temperatura, agarrava-lhe os cabelos, que eram como longos fios de cobre cravados ao teu crânio e empurrava tua carcaça sobre a minha, sentia frenesis a flor da pele, enquanto teus olhos eram sempre fixos e transparentes, pareciam me olhar alem da carne, alem da vida, meu olfato captava necrose, entre outras manchas estampadas nos lençóis,deslizava minha língua tremula, sobre a textura insossa do bico intacto do teu peito, e fingia teu orgasmo que nunca vinha, logo fugia pro meu, e te penetrava com meus centímetros, despejando meu leite amargo sobre teu leito, sobre tua pélvis, sobre teus restos, Você era sempre sonolenta enquanto eu insistia em sonhar, suplicava e rogava aos céus, pela tua carnificina, amor de extermínio, delírios que desordenam um holocausto entre minhas vísceras, afagos? Só os meus, tu era perfeita e não apresentava qualquer fraqueza humana. Retilíneos eram teus braços, que eu fingia devorar, enquanto expulsava meus restos de homem, sobre teus restos de mulher, expulsei meu esperma, no que parecia desacordado e magnânimo, deitei sobre teu tumulo e amei até o teu cadáver. Mas quando os homens chegaram, e o fardo dos olhos, já era mera insignificânciaPercebi desesperado, que minha amada não estava sobre os músculos magros dos meus braços, minha amada me abandonastes.Me deixou nesse mausoléu e fez de pó todo o cansaço, agora estou sem norte, parte dela está em mim.E ela levou meu leite em seu ventre, tal tormento me perturbou a carne.E depois de dias a sua ausência, não me deixa fechar os olhos.Agora estou dias acordado, Esperando em vigília.A mulher que me levou a sanidade.
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