Que duram míseras horas
Traduzidas em dias
Quero amores pra vida inteira
E se não for pra ser então não me ame
Nem por um segundo
Sei, cabe ao acaso conceber a eternidade ou não,
Mas essa frase é minha e não me causa mais efeito
Aos ouvidos calejados e esgotados
Suspiros não resolvem
Quero juras de amor, solilóquios de eternidade
E pedidos inaceitáveis.
“Vamos, case-se comigo em algum terreno na Lua”.
Mais agora até a Lua foi deturpada pelo homem
Enquanto promessas foram se desbotando
Sobre a corrida determista que define nosso estado civil
Cansado estou de ter de esperar para amar
Minha boca escarra e tem vontade de cuspir na cara suja
Do homem que me beija, da mulher que me toca
Do ser que me deita em seu torço
E aqui vai um desabafo
Como dizia Lygia Fagundes Telles,
Palavrão estampado em boca de mulher
Soa como lesma em corola de rosa
Mais eu, sou herdeiro de Adão
Portanto grito;
Porra, por que amor não se vende na mercearia?
Por que as pessoas não vêm com manual de instrução?
Por que meu peito teme não te encontrar nesta vida?
Dedico as interrogações aos mausoléus
Porque tal ânsia, já é maior que meu ser
Me domina as lagrimas
E faz fúria na ponta dos dedos
Desisto do vermelho
Abro mão dos versos de outrora
E traços meus rabiscos com sangue coagulado
Cicatrizes bastam pra contar nossas historias
E aos meus amantes deixo de herança
O afeto de uma rosa despedaçada
Com aroma de tormento
Sem pétalas, caule ou pólen
Enraizada no peito
De quem fingi as dores
E os amores.
E pro segundos e horas
Deixo minha carne, que apodrecera
Sobre todo o resto
Que não for amor.
Guilherme Radonni
*_*
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