quinta-feira, 23 de julho de 2009

Desabafo das rosas despetaladas.

To cansado dos amores de minutos

Que duram míseras horas

Traduzidas em dias

Quero amores pra vida inteira

E se não for pra ser então não me ame

Nem por um segundo

Sei, cabe ao acaso conceber a eternidade ou não,

Mas essa frase é minha e não me causa mais efeito

Aos ouvidos calejados e esgotados

Suspiros não resolvem

Quero juras de amor, solilóquios de eternidade

E pedidos inaceitáveis.

“Vamos, case-se comigo em algum terreno na Lua”.

Mais agora até a Lua foi deturpada pelo homem

Enquanto promessas foram se desbotando

Sobre a corrida determista que define nosso estado civil

Cansado estou de ter de esperar para amar

Minha boca escarra e tem vontade de cuspir na cara suja

Do homem que me beija, da mulher que me toca

Do ser que me deita em seu torço

E aqui vai um desabafo

Como dizia Lygia Fagundes Telles,

Palavrão estampado em boca de mulher

Soa como lesma em corola de rosa

Mais eu, sou herdeiro de Adão

Portanto grito;

Porra, por que amor não se vende na mercearia?

Por que as pessoas não vêm com manual de instrução?

Por que meu peito teme não te encontrar nesta vida?

Dedico as interrogações aos mausoléus

Porque tal ânsia, já é maior que meu ser

Me domina as lagrimas

E faz fúria na ponta dos dedos

Desisto do vermelho

Abro mão dos versos de outrora

E traços meus rabiscos com sangue coagulado

Cicatrizes bastam pra contar nossas historias

E aos meus amantes deixo de herança

O afeto de uma rosa despedaçada

Com aroma de tormento

Sem pétalas, caule ou pólen

Enraizada no peito

De quem fingi as dores

E os amores.

E pro segundos e horas

Deixo minha carne, que apodrecera

Sobre todo o resto

Que não for amor.

Guilherme Radonni

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