quinta-feira, 16 de julho de 2009

Em qualquer campo, sem qualquer disco.

Aqui onde o cheiro do dinheiro dos homens

Não alcança minha fossa nasal

E o verbo verde

Domina o abrir dos olhos

Em imensidão e profundeza

Tenho momento de esvaidão e sonolência

Nostalgia de bolso, saudade dos dedos

E lembrança não vivida na sonoplastia das horas

Que não passam.

Observo os caninos

Que adormecem na sombra alheia

E furtam a paisagem Já que pra eles férias forçadas

Vira rotina de varanda

Eu, perdido nos fios de rede

Nos fios de sol

Nos fios de cabelo

Ele, perdido na minha memória gasta.

Na grama amanhecida assisto

Vestígios da infância

A minha?

Perdida em algum gramado no meio do caminho

E antes que eu desse conta

Já era velho de mais pra pedir

Devolução

Resta me o cansaço

Junto ao tédio renovado

Cinéfilos com cenas repetidas

Mastigando os dentes na tarde da boca

Implorando ao acaso, seu descaso final

Fotossíntese ao meio-dia

Clorofila no vértice do almoço

Enquanto ouvimos rangidos dissonantes

Das redes, ou será das vértebras?

De que me serve uma casa no campo

Sem meus livros e discos?

Não se quer tanta paz, aos 17

Meu prazo de descanso

Parece ser perecível e de 17 minutos

E quando imploro o silêncio e o verde das serras

O que preciso é do barulho ecoante

Das serras elétricas

Pulverizando o monótono

E dando cor aos olhos da vulgocracia

Aos progenitores lamento a despresença

Mas minha boca tem sede de asfalto

Enquanto os olhos almejam o devaneio alheio

Só me despeje na vida

Sem direção ou coordenada

E depois que eu transbordar reze aos ventos

Para que não volte.

Guilherme Radonni.

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