quarta-feira, 22 de julho de 2009

O regresso das exiladas

A volta delas persistia em resistir

Tal regresso que pedi aos céus

Que viesse ao inicio de julho

Que viesse como brasa em neve

Só veio numa sexta-feira clara e matinal

Elas, que nem exiladas foram

Partiram ao êxodo de mim

Me deixaram num manicômio

Sem camisa de força

E pintaram a solidão de branco

Só pra me fazer ecoar no meio do nada

Umas, foram para a cidade que nos traz paz em época de caos

Outras, foram pra cidades que meus olhos não conhecem

Enquanto eu, fingia brincar de ser normal

Não, não quero ser melodramático

Enquanto ouço valsas de nostalgia

Só suplico o regresso do que me tiraram

Meus membros, minha cor nos olhos, meu riso e meu conforto

Sem isso, tudo é tormento, tudo falta

E o frio de julho, vira reles calafrio

Perto da ausência delas.

De que me vale férias da rotina suja que levamos

Se não compartilho minhas horas com ninguém que valha

Valha suspiros, devaneios,insanidades e frenesis

Pra quem vou recitar meus versos

Que soam sempre igual

Porque escrever de mentira

Não é escrever com o peito

Sendo assim, que todos os meus fonemas ecoem igual

Pois o que sinto é único

Pois o que sinto é saudade

Pois o que sinto é revolta e tormento

E sem elas, isso me toma por completo

Devora minha carne e cega os meus olhos.

Admiro a pequenina dourada,

Que tinha todos os motivos pra ser tornar insana

E ainda sim é a mais lúcida de nós

Louvo a negra circense

Que se equilibra entre os teus desequilíbrios

Que por si só já são suficientes para aniquilar um picadeiro inteiro

Almejo os olhos de tabaco

Que me trazem paz, confissões em versos

E confesso prazer nas horas vagas.

E ainda invejo a menina de olhos pequeninos

Que já beijou os lábios da minha metade e da minha sanidade

Voltem suplico aos ventos que voltem

E façam do fim de julho o começo de nossas vidas.

Guilherme Radonni

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