Tal regresso que pedi aos céus
Que viesse ao inicio de julho
Que viesse como brasa em neve
Só veio numa sexta-feira clara e matinal
Elas, que nem exiladas foram
Partiram ao êxodo de mim
Me deixaram num manicômio
Sem camisa de força
E pintaram a solidão de branco
Só pra me fazer ecoar no meio do nada
Umas, foram para a cidade que nos traz paz em época de caos
Outras, foram pra cidades que meus olhos não conhecem
Enquanto eu, fingia brincar de ser normal
Não, não quero ser melodramático
Enquanto ouço valsas de nostalgia
Só suplico o regresso do que me tiraram
Meus membros, minha cor nos olhos, meu riso e meu conforto
Sem isso, tudo é tormento, tudo falta
E o frio de julho, vira reles calafrio
Perto da ausência delas.
De que me vale férias da rotina suja que levamos
Se não compartilho minhas horas com ninguém que valha
Valha suspiros, devaneios,insanidades e frenesis
Pra quem vou recitar meus versos
Que soam sempre igual
Porque escrever de mentira
Não é escrever com o peito
Sendo assim, que todos os meus fonemas ecoem igual
Pois o que sinto é único
Pois o que sinto é saudade
Pois o que sinto é revolta e tormento
E sem elas, isso me toma por completo
Devora minha carne e cega os meus olhos.
Admiro a pequenina dourada,
Que tinha todos os motivos pra ser tornar insana
E ainda sim é a mais lúcida de nós
Louvo a negra circense
Que se equilibra entre os teus desequilíbrios
Que por si só já são suficientes para aniquilar um picadeiro inteiro
Almejo os olhos de tabaco
Que me trazem paz, confissões em versos
E confesso prazer nas horas vagas.
E ainda invejo a menina de olhos pequeninos
Que já beijou os lábios da minha metade e da minha sanidade
Voltem suplico aos ventos que voltem
E façam do fim de julho o começo de nossas vidas.
Guilherme Radonni
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