Peço, que meu verso
Cesse minha fome
Mas peço em vão
Pois a garganta tem ânsia
De tudo que lhe é dada.
A geladeira, vazia
Mas cheia de branco e vácuo
Mordo o lábio,
E procuro na janela embaçada
Qualquer vestígio que me convide a saltar
Mas bigornas me prendem á mesa
E além do mais
Já não como a tanto tempo
Que acho que minha carne
Não tem peso suficiente para a queda.
Tenho fome de vida
Fome de vermelho
Meu apetite, é meu desespero.
Se queres me alimentar, me ame
Se queres me matar,
Deixe-me amá-lo
Mas se tua intenção, é me convidar pra jantar
Poupe teus esforços
Meus cigarros não têm fumaça
E meu nome, não consta
Na lista de convidados
O restaurante interditado ao meu escarro
Enquanto os garfos estão a vociferar qualquer manifesto
Fast foods e drive thrus
Não me agradam tanto
Quanto ao peso do estomago em jejum
Prefiro a fome
Do que comer sobejos
Ao menos que tal sobras
Fossem de carne humana
Fossem de vida alheia
Ou fosse até, de cor nos olhos
Mas são apenas restos mastigáveis
Pagos com notas sórdidas
Que não cessam sequer lacuna alguma
Prepare o banquete
Sirva-o na mesa
E ajeite os talheres
Quando terminar
Me use
Como tira gosto.
Guilherme Radonni.
Nenhum comentário:
Postar um comentário