quinta-feira, 16 de julho de 2009

No Cardápio.

Peço, que meu verso

Cesse minha fome

Mas peço em vão

Pois a garganta tem ânsia

De tudo que lhe é dada.

A geladeira, vazia

Mas cheia de branco e vácuo

Mordo o lábio,

E procuro na janela embaçada

Qualquer vestígio que me convide a saltar

Mas bigornas me prendem á mesa

E além do mais

Já não como a tanto tempo

Que acho que minha carne

Não tem peso suficiente para a queda.

Tenho fome de vida

Fome de vermelho

Meu apetite, é meu desespero.

Se queres me alimentar, me ame

Se queres me matar,

Deixe-me amá-lo

Mas se tua intenção, é me convidar pra jantar

Poupe teus esforços

Meus cigarros não têm fumaça

E meu nome, não consta

Na lista de convidados

O restaurante interditado ao meu escarro

Enquanto os garfos estão a vociferar qualquer manifesto

Fast foods e drive thrus

Não me agradam tanto

Quanto ao peso do estomago em jejum

Prefiro a fome

Do que comer sobejos

Ao menos que tal sobras

Fossem de carne humana

Fossem de vida alheia

Ou fosse até, de cor nos olhos

Mas são apenas restos mastigáveis

Pagos com notas sórdidas

Que não cessam sequer lacuna alguma

Prepare o banquete

Sirva-o na mesa

E ajeite os talheres

Quando terminar

Me use

Como tira gosto.

Guilherme Radonni.

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