quinta-feira, 2 de julho de 2009

Carnificina Primaveril

Depois de dias sentado no assento

Cheirando o cinza e bebendo do febril

Minha enfermidade se foi,

Mas a seqüela que deixastes de herança

È permanente e irremovível

Observo lá fora

Pela janela quase quadrada

Embaçada da chuva ou de qualquer embriaguez

E vejo lagartas aladas, servindo de carroceria

Ao pólen de qualquer Bromélia fértil

Mas teu itinerário é sepulcro

Holocausto floral

Mutila as pétalas rubras

Decapita o cálice escarlate das Orquídeas

E leva a guilhotina todas as Rosas dignas de tal

È então que uma errante abelha anuncia

Em tom de desespero

“Clemência ao extermínio das flores!”

Mas tal grito, não ecôo

Nem trouxe reforços ou se quer misericórdia

O massacre da primavera continuou, sem trégua ou piedade

O florista, assinava tuas lagrimas em cor de profunda angústia

Enquanto abraçava os Lírios despedaçados

E cheirava o ultimo suspiro das Gardênias esvaecidas

Ao fim da tarde,

Um cenário tingido de sangue

Escorrendo os pigmentos infames das lágrimas florescentes

E exalando ao perfume mais floral derramado

Nos homicídios dos jardins

Onde a valsa dos túmulos toca incessante e sem descanso

Enquanto a putrefação das flores

Forjam bailes a luz de velas

Esparramando sobre as lápides o testamento

Das sementes inférteis

Frutos contaminados

Que lamentam, a ausência das cores

E choram sobre o reino cinzento

Que lhes ferem a poupa

Sem lhes poupar a carne

Mas daqui da janela, foram só lagartas aladas

E ás flores, lamento meu devaneio

Era inverno e não havia uma se quer

Para ser vítima de tal crueldade

Sendo assim

Quando a primavera chegar voltamos a tal capítulo.

Guilherme Radonni

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