Cheirando o cinza e bebendo do febril
Minha enfermidade se foi,
Mas a seqüela que deixastes de herança
È permanente e irremovível
Observo lá fora
Pela janela quase quadrada
Embaçada da chuva ou de qualquer embriaguez
E vejo lagartas aladas, servindo de carroceria
Ao pólen de qualquer Bromélia fértil
Mas teu itinerário é sepulcro
Holocausto floral
Mutila as pétalas rubras
Decapita o cálice escarlate das Orquídeas
E leva a guilhotina todas as Rosas dignas de tal
È então que uma errante abelha anuncia
Em tom de desespero
“Clemência ao extermínio das flores!”
Mas tal grito, não ecôo
Nem trouxe reforços ou se quer misericórdia
O massacre da primavera continuou, sem trégua ou piedade
O florista, assinava tuas lagrimas em cor de profunda angústia
Enquanto abraçava os Lírios despedaçados
E cheirava o ultimo suspiro das Gardênias esvaecidas
Ao fim da tarde,
Um cenário tingido de sangue
Escorrendo os pigmentos infames das lágrimas florescentes
E exalando ao perfume mais floral derramado
Nos homicídios dos jardins
Onde a valsa dos túmulos toca incessante e sem descanso
Enquanto a putrefação das flores
Forjam bailes a luz de velas
Esparramando sobre as lápides o testamento
Das sementes inférteis
Frutos contaminados
Que lamentam, a ausência das cores
E choram sobre o reino cinzento
Que lhes ferem a poupa
Sem lhes poupar a carne
Mas daqui da janela, foram só lagartas aladas
E ás flores, lamento meu devaneio
Era inverno e não havia uma se quer
Para ser vítima de tal crueldade
Sendo assim
Quando a primavera chegar voltamos a tal capítulo.
Guilherme Radonni
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