Abraço a xícara, como quem nunca recebeu um abraço
Faço dela protegida, e deixo o vapor do café esquentar meu rosto
Enquanto o conforto, toma a sala
Fazendo cena de bolso, virar repouso
È isso que espero de ti,
Seja uma xícara em minha mesa
Espere inquieto meu lábio encostar tuas bordas
E quando minha cede cessar, seque.
Marcho de volta à cama,
Não tenho vontade de olhar o céu nem abrir a janela
Invado a cama novamente e me deixo enrolar nos lençóis
Que se enroscam no meu torço
E me embriagam de sono dormido
E é isso que espero de ti
Seja os lençóis da minha cama
Prontos pra cobrir cada centímetro do meu tormento
Me fazer dormir na euforia das horas
E me sedar com o algodão de teu comprimento
E quando eu despertar, com vontade de rotina
Dobre-se até o frio chegar.
Caminho incessante pelas calçadas alheias
Enquanto exploro cada perímetro do asfalto
E imagino quantos pés ali pisaram
Me satisfaço na rua, no asfalto, no piche e no semáforo
E é isso que espero de ti
Seja o asfalto a beijar meu solado
A rua que caminho em dia quente
Enquanto corro da rotina gasta
E quando minha fobia de metrópole chegar
Escorra pelos bueiros das calçadas.
Ai me vem à inspiração, vejo o branco do papel
A me seduzir com versos imagináveis
Seguro calorosamente o lápis
E começo a proferir prosas de devaneios
E é isso que espero de ti
Seja uma folha branca
Onde eu tinjo os delírios da minha insanidade
Gozo de versos, fonemas e saudades
E quando eu estiver farto de papel e lápis
Se amasse.
Enquanto espera outro minuto de inspiração
Agora sem inverdades ou analogias substancias
O que espero de ti
É o que espero de mais ninguém
Sim, xícaras, lençóis, asfalto e folhas brancas.
Me satisfazem momentaneamente
Mais você, é mais que isso
Você é minha sede, meu sono, minha vontade e minha inspiração.
Es o verbo e não o substantivo
E agora que dei o mapa,
Seja ele, e trilhe caminhos por onde eu não passei.
Guilherme Radonni
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