domingo, 16 de agosto de 2009

Calçadas cegas.

E os galhos secos das arvores tristes
Fincados em qualquer calçada pouco limpa
Assistem sem intervalos o asfalto e o homem
Espetáculo pouco plausível
Assistir a deturpação dos homens sobre o produto cinzento
Que nos serve de solo.
E se fossemos todos cegos?
Não, não cego como já somos
Digo, cegos de verdade
A que ponto vemos nossas mentiras
No escuro tudo é instinto
Tudo é visto, não pelos olhos mais sim pelos atos
Se ninguém te observa, você é apenas o que você é
Mais se presença alheia te estampa a companhia
Lá vem os falsos valores e costumes irreais
Afinal, você não mataria por comida na frente de um padre
Mais no escuro, você mataria o padre para lhe servir ao estomago
Tudo dependeria do tamanho da tua fome
A minha, é fome de verdade, insaciável e que me causa ulcera,
Todo o codificar de uma sociedade, apenas pelas retinas e pupilas
Que pouco enxergam o que deveriam enxergar
Me pergunto se o branco é tão cego quanto o que é escuro
Afinal na penumbra nada é visto
Mais se toda a existência do branco penetrassem em nossos olhos
Dilatariam ao menos nossas retinas
Nos poupando de ver qualquer vulto
E ai sim, seriamos isentos de inverdades.
Escalafobéticos e orgânicos,
Mas ainda sim me perturba a idéia
De que só uma cegueira curaria outra.

Guilherme Radonni.

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