- Mãe! Tem gente morando no nosso quintal...
- O que? Dorme logo filho.
Mas tem...
é uma criatura.
Quando se tem falta de alguém,
se cria.
Pequeno ou grande...
Constroi-se fases para viver-se de lado.
Talvez eu veja fases que deveria ter passado
e ficou.
Talvez eu não veja nada antes,
mas tem.
Tem alguém morando no meu quintal...
é no de baixo,
é sempre mais baixo.
A noite fica na cabine de onde se faz sons,
e a tarde...
Tem algo morando aqui...
no coração joelho, debaixo do telhado
do mesmo teto que eu!
Ronca...
ninguém ouve,
mas ronca.
É um grito seco de ar falido,
é um amanhecer de falta de pão.
"Vende-se um abrigo"
"Vende-se dormitório de sons"
Vende-se lugar escuro onde não tem mais crianças...
- Boa noite meu menino.
A luz apaga.
O ronco vem,
e...
-Mãe! Juro que tem algo morando no nosso quintal!
- Tá filho! Dá um beijo de boa noite nele também.
Tábatta Iori
03.02.2010
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