Talvez, devido ao nosso estado
De escravos de nossa própria condição
Digo a condição humana
Somos submetidos a nos mover
Por duas fomes
A primeira no sentido mais primitivo da palavra
Temos de nos alimentar para sobreviver não é?
E a segunda no sentido instintivo da palavra
Basicamente o homem é movido
Pelo estomago e pelo sexo
Duas lacunas, incapazes de serem preenchidas eternamente
Uma vez que comemos, digerimos e eliminamos
Outra vez que, penetramos, ejaculamos e dispensamos.
Assim se sucede o processo da fome humana
Que se satisfaz momentaneamente e logo após se insatisfaz
E é exatamente neste momento de insatisfação,
Que para calar a primeira fome
Degolamos nossos gados e asfixiamos nossos peixes
Já para suprir a segunda fome
Forçamos nossas esposas e estupramos putas nas ruas
E essa é a prova mais indigna de que somos animais
Incapazes de controlar nossos instintos
A única diferença entre nós ditos racionais e os outros
É que aperfeiçoamos o sistema
Ao invés de caçarmos, temos restaurantes
E ao invés de fazermos a dança do acasalamento
Temos bordéis, cabarés e prostíbulos.
E por isso achamos ser racionais?
Talvez a irracionalidade esteja na não concepção
Do o quão podre se pode ser
Talvez isso nos torne racionais, sabermos da putrefação alheia
Agora deveríamos assumir a própria.
Ou então começar comer uns aos outros
Seria nesse ato de canibalismo
Que juntaríamos as duas fomes numa só
Estuprar a carne e comer a mesma
Economizaríamos tempo e matéria prima
E ainda faríamos um favor a nós mesmos
De exterminarmos nossa condição humana
Talvez um banquete antropofágico
Seria uma bela carnificina
De aperitivo serviríamos a classe baixa
Assim eliminamos a miséria, certo?
Como prato de entrada a classe média
Afinal, massa sustenta, não é?
E como tira gosto, podemos tomar a classe alta
Ao paladar seria leve como champagne
Mas tenho certeza que daria uma bela de uma azia
E pra essa azia, não a chá que cure.
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