domingo, 6 de novembro de 2011

Cidade

Carcaça vertical de concreto
Que cobre o vão do céu
Com vidraças velozes
E derrama teus cacos nos olhos do tráfego
Sujando de cinza o que antes era cor
Espreitando a via e o fluxo
Para o velho descompasso
De pés que se cruzam e nunca se encontram.
E dessa ordem ao contrario
Deturpação sonora
Ecoando nos sensores
Como sinfonia de ruídos.
“Alô, alô...tem alguém me escutando?”
Interferência dissonante na comunicação
Talvez sejam os pombos dançando nos fios
Ou o silêncio dos mendigos
Que dormem se inclinando nos postes.
Quem sabe estejam todos camuflados no cinza do ar,
E por isso não se notam
Como uma multipluralidade invisível
Um cardume de gente que não se vê
Chegamos então. Rua sem saída!
E se todos no labirinto de pedra
Fossem literalmente cegos?
Talvez se enxergariam...

Guilherme Maciel.

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