terça-feira, 28 de junho de 2011

Memória sensorial.

Foi assim, numa tarde ensolarada a cinco (tão longes) anos,

Jogados no tablado, de olhos fechados

Sem pensar em nada que não fosse o sentir

E digo “sentir” da maneira mais intuitiva da palavra

Ali descobri o que era poesia

E depois disso acho que me viciei

Tentando sempre inclinar o ângulo,

Para que os eixos percam a direção.

Rabiscando palavras desconexas nas paredes,

Só para depois juntá-las com a ponta dos dedos.

Servir ao poético, sem pudor ou regra

Apenas deixar que o cheiro da brisa do mar te leve

Para longe de si,

Pois noite de maré alta, cura o que é ferida da alma

Enquanto ao mar.

Nunca para... No entanto esta no mesmo lugar.

E vejo isso como um reflexo de fluxo continuo
Onde todos nós andamos e andamos
Incansavelmente andamos
E continuamos no mesmo lugar.
Quanto a mim
Levo a poesia nos olhos
Atrás das pupilas num cordão tênue de vento
Que me transborda quando a minha carcaça
Fica pequena pro sentir. Aí transmuta
E vira lágrima,
Ou grito,
Ou dança.

Guilherme Radonni.




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