segunda-feira, 27 de junho de 2011

Extasia.



Talvez fosse exatamente isso que eu precisava


Um pouco mais de sensibilidade intuitiva


Pra aliviar a pena que cravaram em meu crânio.


Era uma noite em movimento frio


As sombras e os fios da caixa cinzenta


Se enlaçavam em meus calcanhares


E na planta dos pés,


Eixo desfigurado


E na raiz dos olhos


Luzes dilatando a cidade


Tudo como uma psicodelia fora do ângulo


Liberdade sensorial.


O ruído dos ratos sussurrando de longe


Em meu ouvido esquerdo


Em baixo dos bueiros existe mais poesia


Do que acreditamos ter


Poesia que as pessoas expelem pra fora de si


E transformam em lixo.


Mas não falemos do margem do mundo


Pois hoje sou apenas um corpo inclinado


E minha direção é o rastro do vento


Que me leve,


Como poeira que espalha pelos cantos


Quero contaminar tudo com a minha ânsia de euforia


Quero acordar os que já dormem


E dançar com os que ainda estão acordados


Vamos desligar as luzes da cidade?


Um eclipse de gente.


Carne obscura, ausência imagética


Seriamos então livres de nossa carcaça


Como dizia Yves Klein


“Vida longa ao imaterial”.



Guilherme Radonni.


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