Talvez fosse exatamente isso que eu precisava
Um pouco mais de sensibilidade intuitiva
Pra aliviar a pena que cravaram em meu crânio.
Era uma noite em movimento frio
As sombras e os fios da caixa cinzenta
Se enlaçavam em meus calcanhares
E na planta dos pés,
Eixo desfigurado
E na raiz dos olhos
Luzes dilatando a cidade
Tudo como uma psicodelia fora do ângulo
Liberdade sensorial.
O ruído dos ratos sussurrando de longe
Em meu ouvido esquerdo
Em baixo dos bueiros existe mais poesia
Do que acreditamos ter
Poesia que as pessoas expelem pra fora de si
E transformam em lixo.
Mas não falemos do margem do mundo
Pois hoje sou apenas um corpo inclinado
E minha direção é o rastro do vento
Que me leve,
Como poeira que espalha pelos cantos
Quero contaminar tudo com a minha ânsia de euforia
Quero acordar os que já dormem
E dançar com os que ainda estão acordados
Vamos desligar as luzes da cidade?
Um eclipse de gente.
Carne obscura, ausência imagética
Seriamos então livres de nossa carcaça
Como dizia Yves Klein
“Vida longa ao imaterial”.
Guilherme Radonni.
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