O meu único e incarregável fardo
È somente aquilo que me difere de uma galinha
Meu pecado é pensar
È ter essa voz gritando no silêncio
Essa insatisfação de crer nas cores como elas são
Seguido de uma taquicardia
Só por olhar nas prateleira e ver as leis do mundo
E se não fui eu que criei tal prateleira
Muito menos as leis postas nelas
Como posso cegamente obedece-las
Se não sou cego, nem santo.
Nada me rege, minha bússola não tem norte
Porque o meu norte não fica acima de sul algum
Só tenho interrogações
Costuradas com sangue e calos
E algumas cicatrizes causadas pelas horas.
Sempre as horas, pesando cada vez mais
Não tenho ânimo nem coragem pra carrega-las
Deve ser por isso que ando me arrastando.
Quem dera eu ter o dom e a dádiva
Que tem uma galinha
De simplesmente ciscar pelo terreiro
Dançando com seu pescoço degolado
Procurando milho e botando ovos
Sem nem sequer pensar o que é o terreiro.
O pensar é como um estupro
Te penetra a força e nunca mais sai
Traumático. Sem punição
Afinal quem acredita numa puta que chora por ter sido violentada?
Talvez o padre ou talvez a galinha.
Preciso aprender a rezar e a ter um pouquinho mais de ignorância
Os dois funcionam como um calmante
Pra aliviar essa dor de cabeça.
Muito boa poesia, de forte senso reflexivo, crítico na objetividade e expressividade da forma e apesar desses fatores o poema não deixa de ser plenamente lírico.
ResponderExcluirParabéns pelo espaço, e um cordial abraço.