quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Fobia de cheiro alheio ou de banheiro.

Não sei de onde veio tal mania
Mas nunca fechava a porta do banheiro
Talvez por falta de princípios
Ou então simplesmente por alguma fobia
Ou ainda pelo cheiro do ralo, ou o cheiro de gente que ficava no banheiro
O que eu sabia era que pudor e vergonha
Me faltavam, mais ainda que o medo de alguém entrar no banheiro
Sei, que o azulejo, junto ao rejunte sujo,
Me sufocava, me espremia naquele cômodo um tanto apertado
E ainda quando olhava para o espelho
Não enxergava nada mais
Que o meu medo de banheiro,
Traumático, era quando havia visitas em casa
E minha mãe me mandava ao banho
Me trancava lá dentro do cubículo claustrofóbico
E só me deixava sair quando as orelhas estivessem limpas
Não sei o que era maior, o meu desespero
Ou a encabulação das visitas
Ao ouvirem meus gritos e berros
Vindo do chuveiro, Aposto que pensavam,
“Garotinho sujo, que não gosta de tomar banho”.
Antes fosse da água meu medo,
Mas era da porta fechada mesmo. Era de cheiro que não o meu.
Enfim até hoje evito os banheiros, o de casa não tem porta
Para evitar maiores conflitos e não deixar os odores trancados
Enquanto na rua, não suporto pensar na idéia de usar um banheiro público
Como se não fosse o suficiente ter de fechar a maldita porta
Ainda teria a sujeira e o cheiro alheio
E esse é ainda pior que qualquer fobia de infância
Sim o cheiro de gente, ou melhor, o cheiro de gente no banheiro
Pois para que aquele odor ali permanecer
Foi preciso fechar a porta,
Travar o trinco, e permanecer ali,
Estático no meio do cheiro alheio
Me perturba a idéia de pensar quantas pessoas ali se trancaram
E pior que isso trancaram seu cheiro.
E este último, digo o cheiro
Não pode simplesmente abrir a porta e sair.

Guilherme Radonni

Um comentário:

  1. Wooow, amei!!
    O pânico de cheiro e de banheiro é algo que me encomoda, exatamente como descreveu!!
    Você arraza Gui

    Beijoo

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