segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Estupro.

Primeiro a visita,
Limparam as solas impregnadas dos sapatos
No carpete de boas vindas
Nos invadiram sem convite
E fecundaram nossas fêmeas
Sujaram nossos mares de costumes que não os nossos
Tudo isso por que?
Masturbação ideológica
Sim, ejacularam na nossa cultura
E fecundaram nossa historia
Como se esta já não existisse
Tu homem, que acredita na descoberta do já descoberto
Não fez nada mais que cobrir os olhos
De quem já não enxergava
Contaminou nossa pureza
Sangue que era nativo agora é inativo
Para não citar as dores
Interdiálogo do monologo da língua
Tradução simultânea sem interprete
Assim nos foi concebido a lusofonia
E o extermínio do Tupi
Nos taparam a pele, e nos cobriram a carne
Enquanto nos despíamos de nós mesmos
Eles nos vestiam com tua política de água e sal
Agora? Dança da chuva já não funciona mais
Talvez a dança dos cabarés seja mais atingível
Aos bolsos dos que não tem calças
Digo isso, porque as calças representam um homem
Não digo homem no sentido condição de gênero
Mas sim de condição de valores
E se já não os tem,
Provavelmente também não tem calças
E depois nós que andamos pelados por ai
E nem se quer fomos nós que inventamos as calças.
Estupro cultural
Nos penetraram a força
Nos fizeram engolir a língua deles
Crer na fé que não a nossa
E nos fizeram ainda andar de sapatos.
Á um estuprador corta-se o pênis
E á um colonizador?
Corta-se o que?

Guilherme Radonni

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