sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Algumas formas de se acabar com o tédio ou com você.

Observo o assoalho,
Cerâmica, rejuntes, rodapés e poeira
Enquanto ouço o rangido de minha própria mordida
Mastigando tua ausência, engolindo o vácuo
No ângulo da parede, molduras de bolso
No ângulo do peito, cicatrizes e coagulo
Não vaze, ninguém limpara o vermelho do chão
Portanto cesse, e não vaze.
A escama do meu lábio escorre em círculos,
Em volta da borda de um copo embaçado e mal lavado
Assim como o teu rosto, sujo de sono, como quem ainda não acordou
Até lhe chamaria pra dividir a insônia e o as migalhas do café
Mais despertador não serve para acordar quem nunca existiu
Ilusão caótica,
Desmembra minha percepção
Me fazendo amar o vento
Venha, bagunça meus cabelos, tire de mim as rugas que ainda não veio
E sopre vida em minha cara,
Vamos vento me ame,
Me ame, como eu te amo
Rogo um vendaval,
Para gozar-te a carne e causar espasmos aos suspiros.
E quando voltar a ser leve brisa volto a observar o assoalho,
Formigas, carregam umas as outras
Carregam as bombas atômicas
Me carregam pro formigueiro de mim mesmo
Veneno atônico das formigas, escorregue por minhas veias
E desperte minha alergia de insetos, minha alergia imaginaria de solidão
E lhes prometo glicose, daquelas cristalizadas e tão brancas como neve.
Chega de devaneios, me ascenda um cigarro,
Tola amnésia momentânea, nunca fumei
Isso é desculpa de quem quer puxar assunto.
Sendo assim chame um pirofórico
E eu lhe apresento meu amor pelo vento e uma molécula de oxigênio
Quem sabe me inflame também,
Sempre fui meio...
Piromaníaco.

Guilherme Radonni

Nenhum comentário:

Postar um comentário