Que tudo está de ponta cabeça
E até os pés pisam ao contrário
Tem dias que não queremos acordar
Mas também não conseguimos mais dormir
E aquele sonho que estava tão claro
Se dilui na neblina das nossas inseguranças
Tem dias que parece que as nuvens
São maiores que o sol
Mesmo quando o céu está azul lá fora
E o calor do dia derrete os minutos das horas,
Ainda sim parece que nada mais importa
Quando por dentro, estamos no meio de um temporal
Hoje nem sei de onde veio este vento
E tão pouco quero descobrir
Sinto tudo misturado, confuso e embaraçado
E uma vontade de me esconder de mim mesmo
Me sinto fraco e ao mesmo tempo com raiva
Mas não sei do que, ou talvez não queira ver
Já que meus olhos estão ocupados
Com esta chuva que cai sobre meu rosto
E hoje não lembro aonde guardei meu guarda-chuva
Por isso talvez me tranquei dentro de mim mesmo
Com medo de ninguém entender o que estou sentindo
Já que nem eu mesmo entendo
Então me isolo no casulo
Da minha própria solidão
Ainda sim disfarço bem o buraco no peito
E faço da poesia um balsamo sobre a ferida
Enquanto tento acalmar
Essa criança que chora
Aqui dentro de mim
Com o abraço deste velho
Que já está cansado de mais
Para se lembrar que só tenho 26 anos
Mas quando olho no espelho
Só vejo minha inconstância
E luto com todas as forças
Para nunca mais me julgar
Aprendendo a me abraçar
Incondicionalmente
Para não guerrear mais
Com as vozes da minha mente
Que as vezes perdidas
Giram em torno de si mesma
Na esperança de sair dos labirintos
Que eu mesmo criei
Por que este lamento todo?
Se só me resta agradecer
Por poder respirar e estar vivo
As vezes me sinto tão ingrato e egoísta
Pelos micro-dramas da minha vida
Mas o que fazer?
Quando os olhos ardem sem ter motivo
E o coração se aperta numa gaiola
Mesmo sabendo que tenho asas
Mas ainda não consigo voar
"Paciência menino, paciência..."
Deixe a vida te lapidar
E nas horas que a dor chegar
Segure forte na mão de Deus
E reze para não soltar
Tem coisas que não se entende
Só se pode sentir
E por mais que vasculhe dentro de si
Nunca vai achar um nome
Para este vazio que as vezes todo mundo sente
Então só aceite e o preencha
Com o seu próprio amor
Pois ninguém pode lhe dar
O que nunca lhe faltou.
Reconheça menino, o homem que tu já é
E busque em sua sabedoria, a coragem que já tens
Para atravessar qualquer ponte
Confiante que não irá cair
E se por acaso o vento lhe derrubar
Não se preocupe, lembre-se que já sabe nadar
Então reme para além das suas emoções
E use a espada que a vida lhe deu
Para romper sem medo
Os véus das ilusões
Para voltar para casa
E pisar descalço na terra
Regar o teu jardim, sem perder mais tempo
Pois sem esforço, não há colheita
E muitos esperam para saciar a fome
Então seja a semente menino,
A árvore e o fruto
Que tu sempre foi
As vezes doce, as vezes amargo
Não importa, pois o que vale
É amadurecer.
E pra isso as vez ficamos de ponta cabeça
Então depois de revirar todo o adubo
Não se esqueça...
Vire a cabeça para cima
E floresça.
Guiel
Foto:
Mel Melissa MaurerFacebook - @melmelissamaurerInstagram - Mel Melissa Maurer - Instantes
Durante a residência Artistica Ressonâncias da Dança
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