segunda-feira, 11 de julho de 2011

Verso anti-veloz

(Feito pra se ouvir ao som de Satie)

Entre uma valsa e outra

Fujo do ritmo, quebro o compasso

Esqueço do mundo

Porque o que é veloz

Fere meus olhos, rasga meu ser

Amputa a minha calma

É por isso que eu danço tanto

Pra esquecer da velocidade das horas

Pois quando valso

Crio o meu tempo

Já quando caiu,

Invento o meu próprio buraco

Que é sempre mais fundo do que esse abismo

Talvez essa ansiedade que sinto apressando meu corpo

Seja trauma do tempo dos homens

É ter essa massa me empurrando pra frente

Sem deixar eu seguir dançando

Apenas me espreitando pra mais perto da beira

Fazendo eu perder o passo

Tropeçando sempre na mesma pedra

Seria tão mais fácil se as pessoas dançassem na rua

Ao invés de seguir cada um o teu caminho estreito

Tão estreito que anula o outro

Como um corredor apertado

Onde só se cabe a tua pressa

É como passar em um desfiladeiro

Se esbarra em um lado, desmorona

Se fica preso no outro, sufoca.

Quero fugir do cinza veloz

Abraçar um cometa

E dançar a valsa intergaláctica da antigravidade

E se o tempo me permitir,

Quero voltar para o planeta de onde me tiraram

Pois lá o tempo não para, no entanto nunca passa.

Viva ao infinito!



Guilherme Radonni

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