segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nostalgia bucólica.

Que o pote da inspiração não se esvazie nunca

Pois enquanto houver céu

Tragarei as nuvens

E as traduzirei em versos etéreos

Pois é só o que vale

A poesia a inundar a alma dos que choram

E encharcam o jazigo seco

Dos que partiram para um poço sem fundo

De onde se vê a lua tão mais de perto

E tão mais longe,

Já que toda claridade em excesso

Cega os olhos feridos da terra.

Só por hoje não quero sangrar

Pois coagulei minhas feridas

Com suor e música

Que o canto dos prédios desabem sobre as cabeças

Dos que não tem eixo

E depois disso,

Um giro fora de órbita

Entre minha dança e a tua paralisia.

Venha ver a tarde meu bem

Quem sabe nela encontremos uma noite mais feliz

Já que a manha partiu sem itinerário

E só confundiu a direção que devemos seguir

Vai ver é isso

Perdi o rastro de pegadas que conduzia minha rotina

Agora os meus pés tortos caminham de cabeça para baixo

E não posso amputar minha estrada
Não antes de chegar á praia

E ainda estou tão longe de sentir o cheiro do mar

Mas quem sabe a maré alta seja logo ali

E me atropele antes de eu senti-la

Quero isso,

Um atropelamento de ondas azuis e verdes

Só pra lavar o estrago que plantaram em mim

No dia em que acordei

E não senti mais minha infância

A escorrer pelas pernas.

Devo estar ficando velho

Pois sinto tanta falta

Do açúcar na boca

Do quintal correndo em mim

Das festas enfeitadas com fitas

Só quero retroceder

Até o ponto de não saber o que é memória

E ainda sim,

Me lembrar de não crescer.



Guilherme Radonni.



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